Cientistas encontraram um grupo de insetos em cavernas localizadas no Brasil e na África cujas fêmeas possuem um órgão muito similar a um pênis— enquanto os machos apresentam bolsas que se comportam como vaginas. Essa inversão, segundo os pesquisadores, é essencial durante o ato sexual desses animais.
Os insetos da espécie Psocoptera (conhecida como “piolho-de-livro”, em inglês) foram descobertos por estudiosos japoneses há quatro anos em cavernas brasileiras. Desde então, eles vêm estudando o órgão sexual das fêmeas que, de acordo com a pesquisa publicada na Biology Letters, possui um formato de gancho. Já os exemplares masculinos do grupo apresentam uma cavidade parecida com uma vagina. Assim, o ato sexual entre eles é bem diferente do que acontece normalmente.
Segundo a publicação, as fêmeas são as responsáveis por agarrar e prender o macho com seus “pênis de gancho” (também chamado pelos cientistas de ginossoma) até receberem o esperma. Esta inversão é aparentemente usada para evitar que os machos escapem durante as 40 a 70 horas (sim, horas) de duração do ato sexual.
Apesar do órgão fálico, as fêmeas não possuem espermatozoides e nem conseguem ejacular.
Já os insetos femininos encontrados na África, chamados de Afrotrogla, possuem, ao contrário dos brasileiros, uma forma fálica com bordas bastante endurecidas. Isso levou os cientistas a acreditarem que a evolução dessas duas espécies se desenvolveu de forma diferente.
Eles sugerem que o habitat desses insetos pode ter grande influência nessa evolução “diferenciada”. Nas cavernas onde foram encontrados existe um ambiente com uma grande competição por nutrientes, por exemplo. Com uma provável baixa na ação masculina para evitar mais concorrentes no local, as fêmeas foram, literalmente, à caça por um parceiro que pudesse lhe dar o tão precioso esperma.
Embora os processos exatos por trás dessas mudanças ainda não estejam claros, parece que a coerção e a resistência entre machos e fêmeas de uma espécie está diretamente ligada a uma ação similar a de presa e predador (ou predadoras, no caso).
E, como sempre, o importante na natureza é sobreviver, mesmo que seja necessário mudar um pouquinho as coisas e quebras algumas regras.
Fonte: Revista Galileu