Um relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa (Seeg) pode iniciar uma nova leva de discussões sobre o projeto de governo do candidato eleito Jair Bolsonaro. Nesta quarta, o Seeg divulga sua estimativa anual sobre as emissões de gás carbônico na produção econômica do Brasil.
A estimativa, realizada pela organização civil e por organizações não governamentais, é uma referência para o setor e tende a nortear políticas públicas nos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Atualmente, a maior fonte de poluição climática do país é o uso da terra, seguido pela agropecuária. Esta produção é vinculada, principalmente, com o desmatamento no país.
Uma proposta do novo governo preocupou e ainda preocupa os empresários do setor. Ao ser eleito e iniciar o governo de transição, Bolsonaro afirmou que iria fundir o ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Depois, voltou atrás.
“Tivemos uma ideia que seria a fusão do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura, (mas) pelo que tudo indica serão dois ministérios distintos, mas com uma pessoa voltada para a defesa do meio ambiente sem o caráter xiita como feito nos últimos governos”, disse Bolsonaro em entrevista. “Nós pretendemos proteger o meio ambiente sim, mas não criar dificuldade para o nosso progresso. Por exemplo, muitas vezes você precisa de uma licença ambiental, isso leva 10 anos ou mais e dificilmente se consegue. Isso não vai continuar existindo”.
A proposta já teve outras idas e vindas. No início da campanha, o então candidato à presidência tinha afirmado que realizaria a união, de forma a evitar “ataques à produção agropecuária do país”, e de enxugar o Estado brasileiro. A nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina foi acusada de ter concedido incentivos fiscais ao grupo JBS na mesma época em que manteve uma parceria pecuária com a empresa.
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ainda afirmou que a Noruega deveria aprender mais com o Brasil sobre como evitar o desmatamento. Acontece que o país nórdico é um dos maiores investidores em proteção ambiental do Brasil. Entre 2009 e 2016, o país investiu mais de 1,1 bilhão de dólares no Fundo Amazônia, que tem como objetivo captar doações para investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento.
Fonte: Exame