Uma pesquisa realizada em nove países – Brasil, Equador, México, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, França, Índia e Alemanha – pela União para o BioComércio Ético (UEBT) mostrou que 89% da população brasileira considera importante consumir produtos de empresas que se preocupam em adotar boas práticas de acesso e uso de insumos naturais. 79% dos entrevistados declararam interesse em saber a procedência de ingredientes dos produtos que consome e 92% dão preferência a empresas que adotem políticas de respeito ao meio ambiente e à biodiversidade.
Com esses números, é possível afirmar que empresas que desejam se manter no mercado, com crescimento progressivo e constante, devem se ater às responsabilidades ambientais e prezar por práticas sustentáveis que contemplem as atividades diárias internas, a comunidade do seu entorno, o mercado em que atua e o meio ambiente. Para isso, é preciso conscientizar e engajar os stakeholders (funcionários de todos os cargos, CEOs, fornecedores, público-alvo e clientes, investidores, imprensa, marketing e até governo), estimulando-os a adotarem posturas sustentáveis e éticas. Abrir canais de comunicação com fornecedores, colaboradores e clientes a fim de ouvir contribuições que possam servir de base para ações socioambientais que visem melhorar a relação entre pessoas e meio ambiente e a qualidade de vida da comunidade também é essencial.
Responsabilidade ambiental empresarial: ações colocam marcas no topo do mercado
Desde o fim do século XX, economistas e administradores vêm assumindo nova postura com relação ao lucro de uma corporação, colocando-se contra a visão mais imediatista e pautada somente no lucro financeiro real. Hoje, eles consideram também o lucro sustentável, com propósito de engajamento social e ambiental, como defendem, no artigo The Big Idea: Creating Shared Value, publicado pela Harvard Business Review , Mark Kramer e Michael Porter, fundadores da FSG, referência mundial em consultoria para empresas e líderes que buscam atuar de forma inovadora e sustentável.
Para atestar seus cuidados com o meio ambiente, é importante buscar certificações de sustentabilidade (eco-selos ou selos verdes), que auxiliam o consumidor na hora de escolher por um ou outro serviço ou produto. No Brasil, temos cerca de 30 certificações e selos que comprovam medidas sustentáveis, por exemplo: Procel Edifica, que promove o uso racional de energia durante a construção de edifícios públicos ou privados; Carbon Trust Standart, que considera a redução do consumo energético, hídrico e a emissão de CO2; Forest Stewardship Council (FSC), que certifica madeira, lenha, móveis, papel e outros produtos florestais; ISSO 14000, que atesta o uso racional de recursos naturais e a preservação de florestas e da biodiversidade; e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o qual testa e confirma a eficiência energética de equipamentos eletroeletrônicos.
Ao buscarem essas certificações, as empresas demonstram que estão em busca de melhorias constantes. Com isso, diminuem gastos ao economizar recursos como energia, água, papéis e embalagens, por exemplo, reduzem custos de conflitos socioambientais, aumentam o capital humano, atraem e fidelizam clientes, melhoram a reputação da marca e aumentam seu o valor de mercado.
Estratégias de responsabilidade ambiental corporativa: o que fazer para ter uma empresa sustentável
Para implantar os conceitos da responsabilidade ambiental, a empresa precisa traçar um plano estratégico que contemple uma análise do cenário: depois de conhecer seus concorrentes e seus clientes, é possível pensar em ações diferenciadas e colocar metas para curto, médio e longo prazo. Em seguida, deve-se buscar parceiros que também pautem suas ações nos pilares da sustentabilidade e adotar processos produtivos com menor impacto ambiental (compra de insumos, fabricação, armazenamento, transporte e descarte do produto pelo consumidor).
É importante ter uma equipe (ou um funcionário) responsável pela gestão ambiental. Esse setor deve estudar os impactos ambientais da empresa. Para isso, é preciso considerar os danos causados desde sua instalação, passando pela sua operação até a logística reversa, e buscar soluções a fim de reduzir esses impactos. Deve-se conhecer a legislação e somente operar dentro dela, sem nunca descuidar do orçamento; certificar-se da origem de toda matéria-prima utilizada, atestar a qualidade do ar e minimizar os ruídos sonoros e neutralizar a emissão de carbono com compra de créditos de carbono (buscando sempre empresas com certificação NBR 14064 ou GHG Protocol).
No dia a dia, é possível aplicar simples medidas que farão grande diferença ao longo dos anos. O ideal é fornecer treinamento à equipe e fazer campanhas para que todos adotem estas atitudes sustentáveis:
– Otimizar o uso de insumos durante a produção;
– Reduzir a quantidade de água utilizada nos processos produtivos;
– Controlar vazamentos;
– Reutilizar a água sempre que possível;
– Valorizar o uso de luz natural, evitando o desperdício de energia elétrica.
Outras ações simples, mas fundamentais
– Trocar lâmpadas por modelos de LED;
– Substituir equipamentos obsoletos por modelos com mais eficientes;
– Realizar a manutenção de equipamentos;
– Evitar vazamentos de gases poluentes;
– Tratar efluentes;
– Destinar corretamente rejeitos e resíduos sólidos;
– Padronizar processos de produção;
– Reduzir o uso de embalagens;
– Educar seus clientes sobre consumo consciente.
Somente com ética, consciência e responsabilidade ambiental, é possível construir empresas que geram lucro sustentável e com foco no futuro do planeta.
Fonte: G1