A passagem do ciclone Kenneth pelo norte de Moçambique na semana passada, o mais forte que já atingiu o país, deixou até o momento 38 mortos, informaram nesta segunda-feira (29/04) as autoridades moçambicanas. O fenômeno trouxe chuvas fortes que causaram enchentes em várias localidades.
As novas vítimas foram registradas no distrito de Macomia, por onde Kenneth entrou no país na última quinta-feira. A chegada deste fenômeno provocou o deslocamento de centenas de milhares de pessoas.
Ainda há 168 mil pessoas em risco humanitário na província de Cabo Delgado por consequência das inundações, disseram as autoridades. Segundo o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário, o número de mortos pode aumentar.
Devido às chuvas, as equipes de resgate não conseguiram chegar em diversas regiões atingidas. Mais inundações são esperadas em Pemba, que até era uma das cidades menos afetadas, porém, nas últimas 24 horas caíram fortes chuvas e a previsão é que o mau tempo continue.
Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique indicam que mais de 36 mil casas foram danificadas, assim como 193 salas de aula, 14 centros de saúde e 31 mil hectares de cultivos.
A magnitude do desastre ainda é desconhecida e as chuvas estão dificultando os trabalhos de resgate e assistência, apesar de o governo ter conseguido evacuar 30 mil pessoas dias antes da catástrofe.
Trabalhadores humanitários afirmaram que o ciclone deixou um rastro de devastação total num trecho de 60 quilômetros ao longo da costa moçambicana e em ilhas da região. Autoridades se preparam também para um surto de cólera.
De acordo com Rosário, as autoridades têm alimentos para distribuir para mais de 168 mil pessoas durante os próximos 15 dias. O primeiro-ministro disse que a maior dificuldade no momento é de falta de acessibilidade para chegar aos distritos mais afetados.
Kenneth, um ciclone de categoria 4 (na escala de intensidade de Saffir-Simpson, que vai até 5) que tocou terra em Moçambique na tarde da última quinta-feira, é o mais forte que já atingiu o país.
Este foi o segundo fenômeno meteorológico de tal magnitude em Moçambique em menos de dois meses, depois da passagem em março do ciclone Idai, que deixou mais de 600 mortos no país.
Fonte: Deutsche Welle