Em visita à Europa, o líder indígena brasileiro Raoni Metuktire se uniu a centenas de manifestantes, entre eles vários jovens, nesta sexta-feira (17/05) em Bruxelas, na Bélgica, em uma marcha em defesa da Amazônia, do clima e da biodiversidade.
O cacique kayapó, que iniciou na segunda-feira sua turnê de três semanas por países europeus, marchou ao lado dos estudantes belgas que há cinco meses vêm realizando protestos semanais para pressionar autoridades a agirem contra o aquecimento global.
Raoni aproveitou a marcha, que reuniu cerca de 600 pessoas, para promover sua batalha contra o desmatamento da Amazônia e em defesa de que seja erguida uma barreira de bambu para proteger o Parque Indígena do Xingu contra o tráfico de madeira, animais, ouro e outros elementos.
“Você precisa me ajudar a refazer os limites, as margens [do Xingu]. Isso é tudo que eu peço. Temos que fazer isso neste ano”, pediu o cacique ao prefeito de Bruxelas, Philippe Close, durante uma coletiva de imprensa após a manifestação.
Raoni ainda alertou contra a ameaça das “grandes fazendas” localizadas na reserva do Xingu – cuja área representa seis vezes o tamanho da Bélgica – e disse ter medo das pessoas que estão “destruindo tudo” naquela localidade.
“Eu quero que tudo permaneça como está, porque as árvores fornecem sombra e mantêm a terra fria”, disse o líder indígena, insistindo na importância de preservar a floresta para seu povo.
Após o apelo de Raoni, o prefeito de Bruxelas se comprometeu a liberar “muito rapidamente” ajuda financeira à região brasileira, destacando a importância de uma “batalha urgente” em prol do clima na qual é “necessário o envolvimento de todos”.
Depois de Bruxelas, o líder kayapó viaja para Luxemburgo, Mônaco, Cannes – onde participará do Festival de Cinema – Itália e o Vaticano, onde está prevista uma entrevista com o papa Francisco, segundo a programação comunicada pela Forêt Vierge, organização com sede em Paris que Raoni preside de forma honorária.
Nesta quinta-feira, ele foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris. O líder europeu prometeu ao cacique o apoio da França em sua batalha contra a exploração de terras indígenas por madeireiros e pelo agronegócio.
Macron conversou por 45 minutos com Raoni e três outros líderes indígenas brasileiros: Kayula, Tapy Yawalapiti e Bemoro Metuktire. Após o encontro, o Palácio do Eliseu indicou que a França apoiará o projeto de Raoni. Os detalhes da ajuda, especialmente a parte financeira, serão comunicados posteriormente, segundo a presidência francesa.
O cacique ganhou visibilidade internacional nas últimas décadas em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia. A viagem do líder da etnia kayapó de 87 anos ocorre num momento de apreensão para os povos indígenas no Brasil devido a medidas adotadas ou anunciadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
A turnê na Europa recebeu o apoio de figuras como o cantor Sting, que há 30 anos realizou uma turnê ao lado do cacique por 17 países e o ajudou a ganhar notoriedade internacional na luta pela proteção dos povos do Xingu.
Fonte: Deutsche Welle