![Boca de um peixe cabeça-de-cobra](https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/1E18/production/_109240770_snakehead4.png)
O peixe cabeça-de-cobra devora outros peixes, sapos e pequenos lagartos e pode percorrer curtos percursos por terra
“Se você acredita que capturou um peixe cabeça-de-cobra, não o libere. Mate-o imediatamente e congele-o”.
As instruções são do Departamento de Recursos Naturais da Geórgia, que se somou na semana passada à lista de 15 Estados americanos em alerta por causa da existência, no meio selvagem, de um predador voraz.
O peixe cabeça-de-cobra (Channa argus) recebe esse nome por causa de sua cabeça achatada.
As autoridades querem estudar os exemplares encontrados no país e mapear sua disseminação para tentar controlar sua reprodução.
Mas são outras características que fizeram desse peixe um animal temido, desde o momento em que foi detectado pela primeira vez nos Estados Unidos, no início dos anos 2000.
O peixe é originário da China, Rússia e da península da Coreia, e pode chegar a medir mais de 80 centímetros.
Ele tem um grande apetite – se alimenta de outros peixes, rãs e pequenos lagartos.
E, principalmente, o cabeça-de-cobra possui a notável capacidade de sobreviver fora da água durante alguns dias – se arrastando e com pequenos saltos, pode percorrer pequenas distâncias. É capaz, por exemplo, de chegar até algum outro curso de água, para buscar mais alimentos.
Uma vez que o peixe aparece em um habitat, é difícil combatê-lo, por causa de sua alta taxa reprodutiva.
‘Pode sobreviver fora da água’
As autoridades da Geórgia lançaram em 8 de outubro um alerta ao público assim que um pescador capturou o primeiro exemplar desse peixe no Estado.
Em suas instruções, o Departamento de Recursos Naturais adiciona: “Lembre-se que este peixe pode sobreviver fora da água. Se for possível, faça fotos do exemplar e tome nota do local em que foi capturado (curso d’água, marcos terrestres, GPS)”.
![Medição de um peixe-cabeça-de-cobra](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/6C38/production/_109240772_snakehead3.png)
O comunicado oficial da Geórgia também recomenda que sejam tiradas fotos dos peixes, “inclusive imagens de detalhe da boca, barbatana e cauda”, para que possam verificar se é mesmo o peixe, e, de modo algum devem soltá-lo de volta à água ou – nesse caso bem específico – nem mesmo na terra.
As autoridades locais explicam que os hábitos alimentares desses predadores – por comerem desde plâncton a outros peixes – pode afetar severamente a oferta de alimento para outras espécies.
Os cabeças-de-cobra podem, além disso, sobreviver em água com baixas taxas de oxigênio, o que lhes dá uma vantagem competitiva em relação a outras espécies, como trutas e robalos, que precisam de mais oxigênio.
Todas as espécies de cabeça-de-cobra podem respirar oxigênio atmosférico, segundo as autoridades americanas. Alguns respiram tanto o ar atmosférico como o oxigênio que há na água, e outras devem necessariamente respirar o ar atmosférico para evitar se sufocarem.
Ao contrário da maioria dos peixes, o cabeça-de cobra pode sobreviver fora da água por possuir pequenas bolsas acima das brânquias que funcionam quase como pulmões. Ele pode afundar e aspirar ar para dentro dessas bolsas e, em seguida, extrair oxigênio do ar armazenado.
Liberados intencionalmente
Acredita-se que os cabeças-de-cobra foram introduzidos intencionalmente na Geórgia por pessoas que os compraram como peixes ornamentais, ou em tanques da indústria pesqueira alimentícia, segundo as autoridades locais.
![Biólogo Richard Horwitz com um exemplar de peixe cabeça-de-cobra na Filadélfia](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/9348/production/_109240773_snakehead5.png)
Peixes dessa espécie foram encontrados, além de na Geórgia, em outros Estados, como Flórida, Nova York, Virgínia, Califórnia, Massachusetts e Maryland.
O primeiro cabeça-de-cobra encontrado, em Maryland em 2002, foi particularmente preocupante, segundo as autoridades estaduais, porque foram encontrados exemplares jovens, o que indica que ela está se reproduzindo com êxito no meio ambiente.
Fonte: BBC