Uma designer britânica de 24 anos criou uma alternativa ao plástico feita de restos de peixe e ganhou um prêmio internacional por isso.
O material, batizado de MarinaTex, é feito de restos de peixe descartados que acabam em aterros ou em usinas de incineração. De acordo com um relatório das Nações Unidas, 27% dos peixes que são apanhados e retirados do mar nunca são consumidos.
Lucy Hughes, inventora do material, que é translúcido, resistente e flexível, conduziu uma pesquisa na costa do Reino Unido e descobriu que, com sua flexibilidade e força, pele e escamas de peixes eram boas fontes para alternativas a plástico. Ela juntou os restos de peixe com algas vermelhas, entre outras coisas, para criar o MarinaTex.
O material que ela criou, diferente de outros tipos de bioplástico, biodegrada em temperaturas normais. Isso significa que pode ser jogado fora em composteiras.
Hughes diz que o material pode ser usado como sacos de padarias, por exemplo, “que às vezes são usados durante um total de 15 segundos”, assim como para embrulhar sanduíches ou como pequenas sacolas para outras coisas.
Sustentabilidade
A invenção de Lucy Hughes ganhou o prestigioso prêmio internacional James Dyson, para a nova geração de inventores. No prêmio, derrotou 1.078 outros inscritos do mundo inteiro, e Hughes ganhou 30 mil libras (cerca de R$ 164 mil).
A Fundação James Dyson diz que 2019 teve o maior número de inscrições de mulheres, espalhadas pelas 27 nações que participaram, desde seu começo, em 2007.
O prêmio, para estudantes, propõe que os inscritos “projetem algo que resolva um problema”.
O fundador do prêmio, James Dyson, diz que a invenção de Hughes “resolve elegantemente” ao mesmo tempo o problema do plástico usado apenas uma vez e o problema de restos de peixe sem utilização.
“É louco que eu tenha ganhado, especialmente com os outros inscritos com invenções realmente inovadoras que resolviam questões urgentes”, diz a inventora.
Hughes estudou design industrial na Universidade de Sussex, perto da zona costeira do sul do Reino Unido, e o material que criou foi seu projeto final antes de se formar.
“Para mim, a sustentabilidade nunca ficou em último lugar”, ela diz, comentando sobre como o processo de design de produtos é feito “tradicionalmente de maneira bem linear”. “Pegamos o material, fazemos algo com ele e depois o descartamos.” Para ela, no entanto, o impacto ambiental é parte integral de qualquer coisa que projeta.
Sua mãe diz que ela sempre teve um cérebro “tridimensional”, e que, quando chegava da escola, fazia a lição de casa antes de qualquer coisa.
Depois de trabalhar no desenvolvimento do material durante um ano — e ganhar o prêmio— Hughes diz que “ainda está no começo”. “O próximo passo de desenvolvimento é verificar como manufaturar o material em massa.”
Fonte: BBC