Sabia que o Brasil já foi vítima de um tsunami? Mas calma: não como o Japão, em 2011, ou a Indonésia, em 2006 e 2010. Segundo um estud conduzido pelo pesquisador Francisco Dourado, da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um tsunami de 1,9 metro que atingiu Portugal no século 18 também chegou ao nordeste brasileiro.
O evento ficou conhecido como Sismo de Lisboa, já que a capital portuguesa foi devastada pelo tsunami no dia 1º de novembro de 1755. Um grande terremoto desencadeou as ondas, atingindo também as costas atlânticas da África e da América. Até pouco tempo atrás, os impactos transatlânticos tinham sido descritos apenas em algumas ilhas caribenhas. Contudo, Dourado viu que as ondas de chegaram ainda mais longe — ou perto, no caso do nosso país.
O grupo de pesquisadores da Uerj, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), realizou um trabalho de campo percorrendo 270 km ao longo de 22 praias do Nordeste para captar evidências da chegada do tsunami na costa brasileira. Na cidade de Pontinhas, na Paraíba, por exemplo, foi possível detectar uma camada peculiar de areia grossa que, ao ser analisada, apontou um evento de alta energia como responsável por sua deposição.
Com base em dados de modelagem histórica, sedimentológica e numérica apresentados, os cientistas encontraram uma associação altamente provável e compatível ao tsunami de 1755, demonstrando pela primeira vez as evidências desse fenômeno no Atlântico Sul.
A equipe liderada por Dourado encontrou evidências do evento até 4 quilômetros do litoral nordestino, principalmente em locais com rios e nas proximidades da Ilha de Itamaracá, em Pernambuco.
O pesquisador conta que há registros de que as ondas que chegaram ao nosso país mataram um casal, mas isso não foi investigado neste estudo. O que o pesquisador concluiu é que o tsunami não causou muitos danos por aqui.
Segundo Dourado, no ano do fenômeno, o governador da Paraíba enviou uma carta ao Rei de Portugal informando que “uma grande onda” também havia inundado o litoral do estado. “Mas não houve muitos estragos porque o Brasil ainda não era tão populoso”, explica o especialista à GALILEU.
Fonte: Revista Galileu *Com supervisão de Luiza Monteiro