BRASÍLIA (Reuters) – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demitiu um analista sênior que era contrário à rescisão de autorizações para exportações madeireiras, de acordo com uma nota publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira.
A Reuters noticiou no mês passado que o Brasil havia exportado milhares de carregamentos de madeira a partir de um porto amazônico no ano passado sem autorização do Ibama.
Depois que a questão foi descoberta, em meio ao aumento das polêmicas em relação ao desmatamento da Floresta Amazônica no governo do presidente Jair Bolsonaro, o diretor do Ibama rescindiu uma regra que requeria a autorização da agência para todos os carregamentos de madeira.
A suspensão da regra contrariou um grupo de analistas liderados por André Sócrates de Almeida Teixeira, coordenador-geral de monitoramento de Biodiversidade e Comércio Exterior, que insistia para que a regra fosse mantida.
De acordo com notas oficiais, Salles havia removido Teixeira de seu cargo e o substituído por Rafael Freire de Macêdo, que já trabalhava em uma área relacionada.
Teixeira se recusou a comentar e Macêdo não respondeu imediatamente a um pedido por comentário. O Ministério do Meio Ambiente não respondeu a um pedido por comentário. Já o Ibama disse que se trata de “mudança regular, conforme as regras aplicáveis”.
Uma fonte familiarizada com o assunto disse à Reuters que a demissão de Teixeira aconteceu em retaliação por conta de sua discordância.
“Foi um mudança mais política, colocou alguém que é mais flexível… para flexibilizar e facilitar exportação de madeira”, disse a fonte.
O Ibama havia anunciado anteriormente que carregamentos de madeira precisam ser aprovados pela Receita Federal, e que a aprovação só é concedida após checagem com o sistema nacional de supervisão para verificar a legitimidade da origem.
Como tal, o Ibama ainda é capaz de fazer inspeções pontuais de carregamentos de madeira para exportação.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e sua preservação é vista como vital para conter as mudanças climáticas, por conta da vasta quantidade de gases do efeito estufa que absorve.
A destruição da floresta teve alta expressiva no ano passado, provocando um clamor global, com líderes estrangeiros e ambientalistas culpando as políticas de Bolsonaro por encorajar a atividade de madeireiros ilegais, fazendeiros, e especuladores fundiários.
Bolsonaro diz que a pobreza na Amazônia é culpada, e que ele estaria sendo injustamente demonizado.
Fonte: Reuters