BRASÍLIA (Reuters) – O Brasil pode emitir entre 10% a 20% a mais de gases do efeito estufa em 2020 em razão do desmatamento e da agropecuária em comparação com os dados mais recentes, de 2018, informou um novo estudo nesta quinta-feira, enquanto as emissões em todo o mundo têm caído neste ano diante da redução das atividades devido à pandemia de coronavírus.
Um relatório do grupo Observatório do Clima chegou a essa conclusão analisando as trajetórias atuais de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em setores da economia.
Em termos globais, as emissões de dióxido de carbono, o gás do efeito estufa mais prevalecente, devem cair 7% neste ano, de acordo com outro estudo publicado na revista Nature Climate Change nesta semana. Essa seria a maior redução anual única de emissões absolutas desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Ao contrário de grande parte do mundo, o Brasil obtém a grande maioria de sua energia de fontes renováveis, como barragens hidrelétricas e parques eólicos, e conta fortemente com biocombustíveis com menores emissões. Mas suas emissões de fontes como a agropecuária e o desmatamento mais do que compensaram qualquer queda em outras áreas, segundo o estudo do Observatório do Clima.
“Contudo, a tendência é que as emissões de GEE no Brasil em 2020 aumentem,” afirmou o relatório.
“Isso decorre do fato de a principal fonte de emissões, que são as mudanças de uso da terra (44% das emissões em 2018), estão em franca expansão pelo crescimento do desmatamento na Amazônia, que avança a despeito da pandemia”.
O desmatamento na Amazônia brasileira nos primeiros quatro meses do ano aumentou 55% em relação ao ano anterior, segundo dados preliminares do governo.
A Amazônia, quem tem 60% da área no Brasil, é a maior floresta tropical do mundo e absorve grandes quantidades de gases de efeito estufa.
Na agropecuária, o estudo destacou que o abate de gado desacelerou no Brasil em meio à crise, deixando mais vacas no campo, onde continuam a liberar metano, um potente gás de efeito estufa.
Fonte: Reuters