Coronavírus e poluição do ar

Notícias ao redor do mundo têm mostrado que a poluição do ar foi drasticamente reduzida com a implantação de medidas de isolamento social como prevenção à disseminação acelerada do coronavírus.


A doença provocou uma situação ambiental mais limpa, mas o anterior contexto de cidades poluídas desfavoreceu as condições de saúde das pessoas para resistir à Covid-19. Isso porque o ar poluído vulnerabiliza o sistema respiratório de forma crônica. Agora, essas pessoas já expostas aos danos decorrentes da poluição do ar podem sofrer de síndrome respiratória aguda grave (SARS), um dos sintomas do coronavírus.

Em artigo, David Tsai do IEMA aborda como a poluição do ar agrava a pandemia e também os ensinamentos que a atual crise traz para enfrentarmos a poluição. Além disso, ele revela os primeiros resultados de uma análise da qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo durante esta situação atípica. As partículas inaláveis finas (MP2,5) apresentaram nítidas reduções nos níveis monitorados a partir da segunda quinzena de março, quando o distanciamento social começou a ser praticado na cidade. Houve reduções significativas na frequência histórica de ultrapassagens das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Porém, o mesmo não foi constatado quanto a outro poluente crítico, o ozônio (O3). As estações que monitoram esse poluente mostraram comportamento similar aos três últimos anos com frequentes ultrapassagens das recomendações da OMS. Além disso, uma das estações localizada em Itaquera, Zona Leste da capital, chamou a atenção por apresentar ultrapassagens mais frequentes neste ano do que nos três anos anteriores. Chegando a alcançar o índice “muito ruim” de qualidade do ar.

Mobilidade urbana de baixas emissões

Além da garantia do transporte como um direito social, a sociedade também almeja um transporte público não poluente. No Brasil, há apenas 247 ônibus elétricos em circulação nos sistemas de transporte público. Esse dado é da nova plataforma E-BUS RADAR que promove e monitora frotas de ônibus elétricos no transporte público das cidades latino-americanas. O LABMOB/UFRJ é o responsável pelo desenvolvimento da ferramenta e conta com a parceria do projeto ZEBRA, coliderada pela C40 e pelo ICCT. O projeto tem apoio do iCS. O IEMA colaborou com a estimativa de emissões evitadas de dióxido de carbono.

Crise no transporte público durante pandemia. Organizações da sociedade civil e movimentos sociais de todo o Brasil enviaram carta a órgãos governamentais, municipalistas e empresariais sobre a situação econômica e social dos transportes públicos e o Programa Emergencial do Transporte Social, que compõe projetos em discussão no Congresso Nacional. As entidades frisam a obrigação de se garantir acesso ao serviço, procurar formas permanentes de financiamento baseadas no custo de operação e ressaltam que lotações e aglomerações são resultados dessa falta de recursos e de transparência.

Matriz elétrica limpa e inclusiva

O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou em maio para consulta pública a proposta de Manual de Operacionalização do Programa Mais Luz Para a Amazônia, referente ao período de 2020-2022. O programa busca levar energia elétrica a regiões remotas da Amazônia Legal. O prazo para as contribuições foi de apenas sete dias e a rede Energia e Comunidades enviou suas sugestões como: metas do programa e de prazo dos agentes executores devem ser orientados a cada território e ser alvo de consulta pública; considerar dois tipos diferentes de atividades produtivas, de caráter coletivo e familiar.

A saber

Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) apresentará em 2020 sua 8ª edição! Este ano, as equipes temáticas responsáveis pela sua elaboração – agropecuária (Imaflora), energia e processos industriais (IEMA), mudanças de uso da terra (IPAM) e resíduos (ICLEI) – toparam o desafio de realizar o SEEG Municípios estimando as emissões para cada um dos mais de 5500 municípios brasileiros. Isso ajudará os municípios brasileiros a entenderem suas responsabilidades e a planejarem ações para mitigar as emissões.

Está no ar a nova Coleção 4.1, do MapBiomas, o Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil que processa imagens de satélite e gera mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil (1985-2018). A ferramenta ajuda a compreender a evolução histórica do território brasileiro e avaliar o impacto das atividades humanas sobre o mesmo. O IEMA colabora com a inclusão das camadas de informação sobre infraestrutura, reunindo as mais atualizadas bases de dados oficiais. É reconhecido o papel da instalação de infraestruturas de transporte e energia como vetores de transformação, positivas ou negativas, nas comunidades e na paisagem do entorno.

Fonte: IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente/ Portal Terra