Clima quente e úmido que tem predominado na região neste inverno favorece o fenômeno; uma das nuvens tem 400 milhões de gafanhotos
A formação de três grandes nuvens de gafanhotos na Argentina e Paraguai vem preocupando os governos do Brasil e da região. Duas nuvens permanecem sobre a Argentina, uma delas com 400 milhões de gafanhotos, e a outra se encontra no Paraguai. No último final de semana, o governo argentino e produtores rurais decidiram fazer uma aplicação maciça de inseticidas na nuvem gigante.
Os técnicos argentinos continuam monitorando a região para verificar quantos gafanhotos foram mortos e se há possibilidades de reagrupamento e nascimento de novos insetos.
“Ainda é preciso ter cuidado”, diz Carlos Goulart, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. A nuvem de gafanhotos está a cerca de 100 quilômetros da fronteira com o Brasil.
Os governos da Argentina e do Brasil acompanham atentamente o fenômeno. O maior risco é a destruição de áreas de pastagem e lavouras. Segundo técnicos do governo argentino, um conglomerado de 40 milhões de gafanhotos, um décimo da nuvem identificada na região de Entre Rios, na Argentina, é capaz de consumir pastagens utilizadas por até 2.000 cabeças de gado. Os insetos se alimentam da grama.
A boa notícia, ao menos para os produtores rurais brasileiros, é que a chegada de uma frente fria nesta terça-feira, dia 28, na Argentina, deve manter os insetos no local onde se encontram. Mas permanece a preocupação de que, com a chegada de novas ondas de calor e umidade, a nuvem possa se avolumar e mudar de direção.
O tempo atípico deste inverno, mais quente e úmido, favorece a formação e o deslocamento de grandes nuvens de gafanhotos. “O calor acelera o metabolismo dos gafanhotos, que passam a se reproduzir mais e a se movimentar em grandes grupos”, diz Goulart.
O governo do Paraguai também permanece alerta. Uma nuvem de gafanhotos está se deslocando dentro do país, em direção à fronteira com a Argentina. Caso os insetos continuem a se reproduzir, como tem acontecido, a nuvem pode aumentar de tamanho. Por enquanto, ela está a 600 quilômetros do Brasil.
Fonte: Exame