Pesquisadores da Embrapa descobriram que a planta, típica da região Amazônia, pode ajudar produtores a evitar pragas em plantações.
Típica da Amazônia, a pimenta-de-macaco já e usada de forma medicinal. Um novo estudo, realizado por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Acre (Embrapa), descobriu que essa planta pode ajudar a evitar pragas em plantações. O óleo extraído das folhas secas pode ser usado como um inseticida natural.
“Rodamos o Acre e todo o Sul do Amazonas e, então, chegamos à conclusão de que tínhamos uma planta da família piperaceae – que não são pimentas comestíveis – são da família, mas não são comestíveis, e essas pimentas produzem óleos essenciais que servem como inseticida. O resultado de campo que temos mais promissor é com relação ao controle da broca do abacaxi e do percevejo do abacaxi”, explica o pesquisador Murilo Sazolim.
Mas, para chegar nesse resultado, Sazolim diz que foi preciso um estudo realizado por 15 anos. Para chegar ao resultado final, o preparo começa em uma sala onde os pesquisadores usam a lagarta do cartucho como cobaia para as pesquisas de laboratório. O ambiente controlado permite que os pesquisadores façam testes mais precisos antes de aplicar o produto na plantação.
Depois que a pimenta-de-macaco é colhida, as folhas passam pelo processo de secagem para a retirada da água e depois seguem para destilação. O resultado é óleo natural com propriedades botânicas. O pesquisador fala que o óleo essencial age eliminando a capacidade da lagarta de se desintoxicar.
“O óleo é rico em dilapiol, que e o princípio ativo, esse dilapiol tem a capacidade de inibir o complexo de enzimas que faz parte da defesa do inseto contra qualquer tipo de veneno. Até o alimento que o inseto come tem o próprio composto, que a gente chama de composto secundário de defesa da planta. Quando você elimina essa capacidade dele de se desintoxicar ele vai começar a se envenenar com o próprio alimento, então, esse é o princípio do inseticida”, afirma Sazolim.
O estudo detectou que o inseticida natural elimina em mais de 80% o ataque da broca do abacaxi, praga que pode acabar com uma safra inteira, segundo os pesquisadores. Entre as vantagens de usar o produto orgânico, estão a redução de contaminação e a poluição do meio ambiente.
“Ele causa menor impacto ambiental, esse óleo essencial, particularmente é usado aqui na Amazônia como medicinal para várias doenças, a probabilidade de ele causar uma intoxicação humana é muito pequena. A gente vê que ele é um produto facilmente degradável. Não fizemos esse estudo, mas, provavelmente, a ação dele deve durar no máximo dez dias, que é quando teria que fazer uma nova aplicação”, complementa o pesquisador.
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Os pesquisadores já tentaram usar o óleo em outras culturas como a do milho e soja, mas, por terem as folhas mais finas, o óleo queimou essas plantas. A ideia da Embrapa agora é encontrar parceiros que possam ajudar com uma nova reformulação para evitar esse problema e expandir o uso do inseticida orgânico para o mercado consumidor.
“Para que ele possa desenvolver essa formulação e colocar esse produto no mercado. Quando você faz da forma como a gente está fazendo, uma aplicação direta sem passar por um processo de regulação, você percebe muitas vezes que há o problema de manter a qualidade do produto. Se você tiver uma empresa que faça essa formulação e negocie essa formulação, você vai ter total segurança dos teores de dilapiol e na qualidade do óleo que vai ser fornecido e a garantia de que ele não vai causar a queima na sua plantação”, finaliza.
Fonte: G1