Os Estados Unidos se retiraram nesta quarta-feira (04/11) formalmente do Acordo de Paris, se tornando o primeiro país do mundo a abandonar o pacto climático internacional firmado há cinco anos para controlar as emissões que causam o aquecimento global.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou há mais de três anos a intenção de deixar o acordo e notificou a ONU sobre o início do processo de retirada há exatamente um ano.
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A efetivação da saída de um dos países mais poluentes do mundo ocorre em um momento de incerteza sobre quem ocupará a Casa Branca a partir de janeiro. O candidato democrata, Joe Biden, prometeu que, se ganhar as eleições, recolocará os EUA no pacto.
Nem a Casa Branca nem o Departamento de Estado americano se pronunciaram sobre a saída formal do país, mas o prazo para o rompimento do acordo já estava previsto para a meia-noite de quarta-feira. A retirada foi anunciada por Trump no dia 1º de junho de 2017, meses depois de chegar ao poder.
O presidente prometeu que deixaria o acordo – assinado por cerca 189 países – com o argumento de que o pacto colocaria a economia e os trabalhadores americanos em “permanente desvantagem”.
No entanto, o artigo 28 do Acordo de Paris indica que qualquer país que tivesse ratificado o acordo, como é o caso dos EUA, somente poderia solicitar a saída três anos depois de sua entrada em vigor, ou seja, no dia 4 de novembro de 2019. Uma vez feito o pedido formal, era necessário esperar outro ano para que a saída fosse efetivada.
A saída dos Estados Unidos do acordo isola ainda mais o país no cenário internacional, mas não tem impacto imediato sobre os esforços para conter o aquecimento global. O Acordo do Paris visa controlar o aumento das temperaturas mundiais, mantendo as abaixo de 2°C e de preferência as limitando as 1,5°C em comparação com os níveis pré-industriais.
Cientistas afirmam que um aumento superior a 2°C pode ter um impacto devastador em grandes partes do mundo, elevando o nível do mar, provocando tempestades tropicais mais intensas e agravando fenômenos naturais como secas e inundações.
Pelo acordo, os países se comprometeram a definir metas próprias para reduzir os gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono. O único requisito obrigatório estabelece que as nações relatam com precisão seus esforços para alcançar essa meta.
Saída de vários acordos
Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, atrás apenas da China. Por isso, a contribuição do país é vista como um passo importante para conter o aquecimento global.
Embora o governo Trump tenha evitado propor medidas para tal, estados, cidades e empresas americanas assumiram esse papel e prometeram seguir em frente com seus próprios esforços.
Desde que chegou ao poder, Trump retirou os EUA de diversos pactos e fóruns multilaterais, entre eles o acordo nuclear com o Irã, o Conselho de Direitos Humanos da ONU e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Em julho, Trump iniciou o processo para retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas esta medida não será efetivada antes de julho de 2021. Biden prometeu anular o processo caso vença as eleições.
O candidato democrata também afirmou que, se chegar à Casa Branca, pressionará outros países a assumirem compromissos mais ambiciosos na luta contra o aquecimento global.
Fonte: Deutsche Welle