Por que 17 milhões de visons vão morrer na Dinamarca em nome da pandemia

Mutação em cepa encontrada nos animais pode pôr em risco a eficácia de futuras vacinas, justifica o governo do país, que confirmou 12 casos de humanos infectados.

Por que a Dinamarca pretende matar 17 milhões de visons em nome da pandemia (Foto: Wikimedia Commons)

Na última quarta-feira (4), o primeiro-ministro da Dinamarca, Mette Frederiksen, anunciou que irá sacrificar mais de 17 milhões de visons após a uma nova cepa do Sars-CoV-2 ter sido encontrada nos animais e infectando humanos. “Temos uma grande responsabilidade para com nossa própria população, mas com a mutação que agora foi encontrada, temos uma responsabilidade ainda maior pelo resto do mundo também”, justificou Frederiksen, em entrevista coletiva.

Segundo o político, autoridades de saúde do país concluíram que a nova cepa possui uma mutação capaz de diminuir a sensibilidade contra anticorpos, o que poderia reduzir a eficácia de futuras vacinas. As descobertas foram conduzidos pelo Instituto Statens Serum, centro de pesquisa dinamarquês responsável por controlar doenças infecciosas no país. Os resultados e receios foram compartilhados com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças.

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Na última semana, Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, já havia solicitado investigações acerca da infecção de humanos por visons com Sars-CoV-2. Autoridades da Dinamarca reportaram cinco detecções da nova cepa em fazendas de visons e 12 infecções em humanos. Quase 400 casos podem estar relacionados aos animais, sugerindo que a transmissão entre a espécie e humanos é mais comum do que se imaginava, afirma nota da National Geographic.

Autoridades da Dinamarca reportaram cinco detecções da nova cepa em fazendas de visons e 12 infecções em humanos. (Foto: Wikimedia Commons)

Desde junho, o país tem abatido visons infectados conforme surtos aparecem em fazendas de criação desses animais — que somam entre 15 milhões e 17 milhões de espécimes na Dinamarca, a maior produtora de pele de vison do mundo, com cerca de 1,2 mil fazendas. Para agilizar o processo de abate, a polícia, o exército e a guarda dinamarquesas serão acionadas.

Entre os apoiadores da medida está Christian Sonne, professor de medicina veterinária e vida selvagem da Universidade de Aarhus. Em e-mail enviado à agência Reuters, o acadêmico diz que considera o abate de rebanho uma medida de prevenção acertada, capaz de evitar surtos que seriam difíceis de controlar no futuro. Em 30 de outubro, Sonne já havia escrito uma carta aberta na revista Science a favor do banimento da indústria de pele de vison.

Outros países que adotaram medidas semelhantes são a Espanha, que abateu 100 mil visons em julho após casos em uma fazenda em Aragão, e a Holanda, que sacrificou dezenas de milhares devido a surtos em criadouros.

Além do abate, a Dinamarca voltará a aplicar medidas retritivas mais rígidas e intensificará o rastreamento de casos, principalmente no norte do país, onde há mais criadouros desses animais.

A Dinamarca é a maior produtora de pele de vison do mundo, com mais de 1,2 mil fazendas de criação em seu território (Foto: Wikimedia Commons)

Fonte: Galileu