Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA vem ao Brasil para visita com foco nas mudanças climáticas

Comitiva de Jake Sullivan desembarca no Brasil na próxima quinta-feira (5). Esta será a primeira vez que um representante da Casa Branca de Joe Biden se encontrará com o presidente Jair Bolsonaro.

Conselheiro de Segurança Nacional do governo dos Estados Unidos, Jake Sullivan, em foto de arquivo — Foto: Leah Millis/Reuters

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados UnidosJake Sullivan, chega ao Brasil na próxima quinta-feira (5) para uma visita à região com foco na Amazônia e mudanças climáticas. Esta é a 1ª vez que um representante da Casa Branca de Joe Biden vai se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro.

Além de encontro com o presidente e com o governo brasileiro, Sullivan e delegação, também composta por Juan Gonzales, conselheiro para a América Latina de Biden, vão se encontrar com governadores da região da Amazônia para dar continuidade às conversas iniciadas pelo enviado especial do governo americano sobre o Clima, John Kerry, na semana passada.

Kerry coordenou uma conversa com o grupo dos governadores brasileiros da Região Norte para tratar de possíveis financiamentos americanos para programas estaduais voltados para combater o desmatamento ilegal.

Uma alta autoridade do governo americano disse em entrevista à TV Globo que os temas ambientais são uma prioridade para o presidente dos EUA na região, e que o Brasil é um “líder natural sobre o tema”.

“Quando se trata do clima, o Brasil é um líder natural sobre o tema”, afirmou a autoridade americana. “Eu acredito que vamos oferecer o apoio necessário para que o Brasil ocupe essa posição.”

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque Amazônia Floresta Amapá — Foto: Facebook/Reprodução

Abertura com Bolsonaro

Além das reuniões com os governadores, a agenda da visita prevê um encontro com o presidente Jair Bolsonaro – o primeiro desta Casa Branca com o brasileiro – e com os ministros das Relações Exteriores e da Defesa.

O presidente americano Joe Biden não manteve – até o momento – nenhuma conversa direta com o mandatário brasileiro em mais de seis meses de governo. E segundo a autoridade americana, o contato não deverá acontecer durante a visita oficial.

“Pela minha experiência, quando o presidente Biden se encontra com um líder estrangeiro, ele quer levar resultados concretos. E isso poderá vir de uma recomendação do conselheiro de segurança nacional quando ele retornar.”

Bolsonaro em 27 de julho — Foto: REUTERS/Adriano Machado

Perguntado sobre a abertura de um inquérito administrativo sobre ataques à legitimidade das eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a autoridade do governo americano afirmou que estão preparados para “ter esse tipo de conversa” com aliados.

“Quando conversarmos com o ministro das Relações Exteriores ou com Bolsonaro, vamos compartilhar nossas perspectivas sobre nossa política em relação à democracia”, afirma o americano.

“Se nós quisermos ter credibilidade ao criticar o regime cubano e a forma com que desrespeita os direitos humanos de pessoas que querem apenas a liberdade e direitos fundamentais, precisamos também ter esse tipo de conversa com nossos aliados próximos”, diz a autoridade.

Manifestantes favoráveis ao governo de Cuba durante ato em 11 de julho de 2021 — Foto: Yamil Lage/AFP

‘Estabilidade regional’

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse em um comunicado que visita da delegação pretende “fortalecer a parceria estratégica” entre EUA e Brasil, melhorar a estabilidade regional e ajudar a abrir caminho para a recuperação da pandemia da Covid-19.

Apoio para entrada na OCDE

Na entrevista, a alta autoridade americana afirmou pela primeira vez que o governo Biden manterá a posição da gestão do republicano Donald Trump em apoiar a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“Essa é uma prioridade que o Brasil levantou. Nós já comunicamos a eles [governo brasileiro] que seguiremos apoiando sua entrada na OCDE”, diz a autoridade. “Eu acho que não só o Brasil, mas a OCDE também se beneficiaria muito em ter um país como esse dentro da organização.”

Mais vacinas para o Brasil

A autoridade americana também afirmou que os EUA preparam a doação de uma nova leva de vacinas para o Brasil e outros países da região. No entanto, não disse para quando está previsto o envio dos novos lotes de imunizantes e nem as quantidades disponibilizadas.

“O impacto da pandemia tanto no Brasil como na Argentina, é bastante significante”, afirma. “Estamos bastante focados nestes dois países, e também em apoiar o sistema de saúde brasileiro com o envio de mais vacinas.”

O Brasil já recebeu parte das cerca de 110 milhões de doses distribuídas pelos EUA para mais de 60 países em todo o mundo. Em junho os EUA doaram mais de 3 milhões do imunizante da Janssen de dose única ao Brasil.

Caixas com doses da vacina da Janssen são desembarcadas no Aeroporto Internacional do Recife neste sábado (3) — Foto: Governo de Pernambuco/Divulgação

Tecnologia 5G

Também farão parte da delegação americana ao Brasil os assessores do presidente Biden para Tecnologia e Segurança Nacional, Tarun Chhabra, e o diretor sênior de cibersegurança, Amit Mital.

O principal foco dessas conversas será em relação à tecnologia 5G na região. Os EUA querem evitar a entrada de equipamentos chineses.

No Brasil, o leilão para o controle desta tecnologia se aproxima e o governo vem sendo pressionado pelas operadoras de telefonia que já usam equipamentos chineses para este serviço.

“Conversaremos sobre cibersegurança e o 5G, também”, diz a autoridade.

O governo brasileiro não impôs restrições ao uso de material da Huawei nas redes regulares de 5G, mas criou no edital do leilão uma rede privada para o governo federal e serviços de segurança que não poderá usar equipamentos chineses.

Fonte: G1