É um fato que a natureza é deveras surpreendente, mas às vezes, vai longe demais em seus mistérios. E na Sardenha, uma ilha na Itália, um tubarão fêmea deixou todos de queixo caído. Isso porque o animal simplesmente engravidou e deu à luz, sendo que há anos não havia nenhum macho no tanque.
Embora raro, esse fenômeno tem nome: partenogênese. E já foi observado em mais de 80 espécies de vertebrados, incluindo tubarões, peixes e répteis, mas essa foi a primeira ocorrência documentada em um tubarão da espécie Mustelus (smoothhound, em inglês).
A partenogênese pode ocorrer com pouca frequência, mas acontece em cerca de 15 espécies de tubarões e arraias são conhecidas por fazer isso. Na natureza, a partenogênese pode ser um último recurso para as fêmeas que não conseguem encontrar um parceiro, seja porque foram separadas ou por causa dos impactos humanos, como mudanças climáticas e pesca excessiva, ou pressões de seleção natural, como predadores e doenças, enfim, consequências que acabam eliminando todos os machos.
Alguns tubarões foram observados dando à luz repetidamente por partenogênese ao longo de um período de anos, e outros podem alternar entre partenogênese e reprodução sexual quando apresentados a um parceiro.
Tipos de partenogênese
Segundo os especialistas, existem dois tipos de partenogênese: apomixia, uma forma de clonagem comum entre as plantas, e automixis, uma forma de autofecundação que mais se assemelha à reprodução sexual. Em vez de se combinar com um espermatozoide para formar um embrião, o óvulo se combina com outra célula produzida ao mesmo tempo que é produzido e tem o DNA complementar. Nesse cenário, a célula atua como um pseudo-espermatozoide com uma única fita de DNA para fecundar o óvulo.
Como resultado, a prole nasce com 100% do DNA de sua mãe, mas não são clones exatos. Uma curiosidade é que, como a partenogênese em tubarões ocorre apenas em fêmeas e as fêmeas não podem transmitir um cromossomo Y, isso também significa que os descendentes resultantes são sempre fêmeas.
Fonte: Canaltech