Estudo divulgado nesta quarta-feira (1º), pelo Greenpeace, revela o avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, localizadas no sudoeste do Pará. O levantamento mapeou, no último mês, vinte e nove áreas com atividade garimpeira na região.
No sobrevoo da organização, os pesquisadores também flagraram máquinas escavadeiras em ação durante o desmatamento da floresta nativa em busca de ouro.
A organização identificou 12 pistas de pouso clandestinas, além de acampamentos montados em vários pontos das terras dos povos nativos.
O levantamento utilizou imagens de satélite para analisar a expansão dos garimpos nos territórios Munduruku desde 2016.
No ano inicial, foram notificados cinco km de estradas abertas clandestinamente. Em 2021, já são 625 km de vias ilegais existentes no território.
“Nós estamos falando de equipamentos que custam 300, 400, 600 mil reais cada um deles. O que indica que não estamos falando de um pobre garimpeiro sem oportunidade”, afirma Rômulo Baptista, porta voz do Greenpeace.
Para ele, quem patrocina esta atividade ilegal são verdadeiros barões do garimpo, que agem impunemente não apenas no território indígena Munduruku, mas por toda a Amazônia.
Impacto
O garimpo ilegal também prejudica os rios que cortam as terras Munduruku. Segundo o Greenpeace, 630 km de cursos d’água estão diretamente impactados pela mineração clandestina.
Além disso, o assoreamento e a contaminação da Bacia do Tapajós pelo mercúrio utilizado na extração de ouro podem colocar em risco a saúde e o sustento de mais de 14 mil indígenas que vivem na área.
Dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que realiza o monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal, mostram que a desflorestação aumenta há seis anos na terra indígena Munduruku.
A partir de 2019, segundo a pesquisa, a destruição acelerou ainda mais e, nesse período, o território perdeu mais de seis mil hectares de vegetação nativa.
“É necessário também um serviço de inteligência para a gente desmantelar essa cadeia produtiva e principalmente pegar aqueles responsáveis por financiar todo esse garimpo ilegal na Amazônia”, aponta Rômulo.
Posicionamento
Em nota, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que tem atuado com um grupo especial de fiscalização para combater o garimpo ilegal nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza.
O órgão relata que em julho deste ano foram feitas duas operações, uma delas com a Polícia Federal (PF), e uma terceira encontra-se em curso na mesma área.
O Ibama diz ainda que as ações fazem parte do planejamento deste ano e que segue a atuação para impedir práticas que provoquem danos ao meio ambiente.
Fonte: G1