O cientista norte-americano Brian Mapes notou e descreveu um novo fenômeno meteorológico, que ele chamou de “lagos atmosféricos”. O expert fez a descoberta ao observar o que pareciam ser “piscinas” se movendo devagar sobre o oeste do Oceano Índico.
Mapes, que atua na Universidade de Miami, nos Estados Unidos, apresentou o fenômeno no último dia 16 de dezembro, no Encontro de Outono de 2021 da associação científica Advancing Earth and Space Science (AGU). Ele utilizou cinco anos de dados de satélite para localizar 17 lagos atmosféricos.
Como ocorre?
As “piscinas” começam como filamentos de vapor na região do Índico-Pacífico e trazem água para as planícies secas da costa da África Oriental. O pesquisador localizou, durante todas as estações do ano, fenômenos próximos ao equador que duravam mais do que seis dias.
Porém, ele observou que os lagos atmosféricos também ocorriam em áreas mais distantes desse limite geográfico, às vezes até mesmo se tornando ciclones tropicais. Os lagos, ao contrário da maioria das tempestades na Terra, não têm um vórtice, isto é, um centro com movimentos espirais. Eles apresentam vapor d´água já concentrado o bastante para fazer chover.
Alguns lagos atmosféricos menores também se “desprendem” conforme se movem em direção à costa. Em geral, esse acontecimento meteorológico pode durar dias seguidos e ocorrer várias vezes ao ano.
Grande volume d’água
O que impressiona no fenômeno é o volume de água: se todo o vapor dos lagos for liquefeito, daria para formar uma poça com alguns centímetros de profundidade e cerca de mil quilômetros de largura. Esse volume pode criar uma quantidade significativa de chuvas em terras secas dos países do leste da África, onde vivem milhões de pessoas.
“[A região] é um lugar seco, então, quando esses [lagos atmosféricos] acontecem, eles são certamente muito importantes”, explica o pesquisador, em comunicado.
Mapes se diz ansioso para aprender mais sobre os lagos na área, onde marinheiros cunharam uma palavra para esses padrões de vento e preciptação e “certamente notaram essas tempestades”, segundo ele.
Os lagos atmosféricos são alimentados por correntes de vapor das monções do sul da Ásia. Depois, eles flutuam em áreas onde a velocidade média do vento é cerca de zero. De acordo com Mapes, é preciso saber se os lagos se autopropulsionam de alguma forma ou se são movidos por padrões de vento em uma escala muito maior que pode mudar com as mudanças climáticas.
Outro mistério é porque esses fenômenos se movem para o Oeste e como eles podem ser tão diferentes dos padrões dos rios atmosféricos, que também são famosos por movimentarem grandes quantidades de precipitação. O cientista planeja continuar estudando os lagos com dados de satélite, investigando se eles ocorrem também em outras partes do mundo.
Fonte: Galileu