Após fortes chuvas atingirem o estado de São Paulo, as buscas da região pelo termo “rio voador” no Google triplicaram nos últimos 7 dias. Entre as consultas, uma série de perguntas sobre o fenômeno se destacou. Confira a seguir as respostas para algumas das principais questões sobre os rios voadores, capazes de provocar eventos de precipitação extrema.
O que são rio voadores?
São cursos de água atmosféricos invisíveis, que transportam bilhões de toneladas de água em forma de vapor pelas correntes aéreas. Apesar de não os enxergarmos, os rios voadores têm cerca de três quilômetros de altura e milhares de quilômetros de extensão. Eles são massas de ar carregadas de água vaporosa, muitas vezes acompanhadas por nuvens.
Movimentam-se acima de nós, carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Essa umidade, “em condições meteorológicas propícias como uma frente fria vinda do sul, por exemplo, se transforma em chuva” segundo o Projeto Rio Voadores, da Petrobras.
Como se formam os rios voadores?
O fenômeno se origina de grandes fluxos aéreos de vapor que vêm de áreas tropicais do Oceano Atlântico e que são alimentados pela umidade vinda da Amazônia. Logo, a floresta fornece água para os rios voadores conforme as árvores transpiram.
A mata da região amazônica “puxa” para dentro do continente a umidade do Oceano Atlântico, carregada por ventos alíseos. Quando chove na floresta, ela devolve a água para a atmosfera em forma de vapor.
Uma árvore com copa de 20 metros de diâmetro transpira mais de mil litros em um único dia — isso é muito, considerando que há na região cerca de 400 bilhões de árvores transpirando juntas. Para se ter uma ideia, o vapor d’água vindo da vegetação amazônica tem capacidade da mesma ordem de grandeza ou até mais que a vazão do rio Amazonas, de 200 mil metros cúbicos por segundo.
Qual a importância dos rios voadores?
Os fenômenos são fontes importantes de água, irrigando lavouras, enchendo rios e represas. Parte da substância vaporizada da Amazônia vira chuva, mas enormes quantidades seguem até se chocar com a Cordilheira dos Andes, “alimentando” a cadeia de montanhas com umidade e formando cabeceiras dos rios amazônicos.
Mas ainda sobra muito vapor de água sendo levado pelas correntes de vento invisíveis. Ao se depararem com o paredão de quatro mil metros de altura dos Andes, elas se curvam e vão ao sul, rumo ao Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Assim, os rios voadores regulam as chuvas no Brasil e em países vizinhos, como a Bolívia e o Paraguai.
Os fluxos se destacam ainda por sustentarem a economia. “Os rios voadores explicam o mistério para a região que vai de Cuiabá a Buenos Aires e São Paulo ser verde e úmida. Esse quadrilátero representa 70% do PIB da América do Sul, com hidrelétricas, indústrias, agricultura e grandes centros que dependem do equilíbrio climático e da provisão de água para existir”, explica Antônio Donato Nobre, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Científicas (Inpe), ao site O Eco.
Aumento na busca geral por chuvas
Além de ter agitado a busca por rios voadores no Google, a alta preciptação no sudeste também levou os brasileiros a buscarem informações sobre o fim das chuvas. O termo “por que tanta chuva” subiu mais de 100% nos últimos 7 dias e “até quando vai a chuva de sp” saltou mais de 2.000% no período, em comparação aos 7 dias anteriores.
Um dos municípios paulistas mais atingidos pelas precipitações foi Franco da Rocha, cidade brasileira que mais pesquisou por chuvas na última semana. Nesse mesmo intervalo, o Brasil foi um dos cinco países que mais buscaram por chuvas no mundo.
A procura nacional relacionada às chuvas em janeiro de 2022 bateu recorde: é a terceira maior da série histórica do Google Trends, só perdendo para janeiro e fevereiro de 2020. É normal que o interesse pelo assunto suba na estação mais quente do ano, porém, os dois últimos verões foram excepcionais, com os maiores pesquisas por chuvas nos últimos 18 anos.
Fonte: Galileu