Após cerca de um mês de expectativa, especialistas confirmaram que o primeiro estágio de um foguete chinês, pesando cerca de três toneladas, colidiu com a Lua na manhã desta sexta-feira. Segundo a BBC, o impacto ocorreu às 9h25, horário de Brasília.
O local da colisão é a cratera Hetzsprung, com 530 km de diâmetro e localizada no lado distante da Lua, que não é visível aqui da Terra. Com isso, ainda levará algum tempo para termos uma ideia dos efeitos do impacto, mas espera-se no máximo uma pequena cratera e um pouco de poeira.
O foguete é o primeiro estágio de um Longa Marcha 3C que lançou a missão Chang’e 5-T1 da China em outubro de 2014. Após cumprir sua missão, o foguete foi abandonado no espaço e permaneceu em órbita do Sol sem poder ser observado.
Originalmente, acreditava-se que o objeto era o segundo estágio de um foguete Falcon 9, da SpaceX, que lançou o satélite DSCOVR para a Nasa. Ironicamente, a missão do satélite é observar a superfície da Lua. Entretanto, o astrônomo Bill Gray, que fez a identificação inicial, afirmou que ela foi incorreta devido a um erro em seus cálculos.
Brasileiro ajudou na identificação do foguete chinês
O aviso de correção publicado por Gray veio depois que ele recebeu uma nota de Jon Giorgini, engenheiro do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa. “Ele [Giorgini] escreveu para Gray […] explicando que a trajetória da nave DSCOVR não chegou particularmente perto da lua, e que, portanto, seria um pouco estranho se o segundo estágio se afastasse o suficiente para atingi-la”, relatou Eric Berger no site Ars Technica, que havia divulgado pela primeira vez a informação.
“Solicitado pelo e-mail de Jon, investiguei meus arquivos de e-mail para me lembrar por que eu tinha originalmente identificado o objeto como o estágio DSCOVR em primeiro lugar, sete anos atrás. Eu fiz isso com plena confiança que provaria que o objeto era, de fato, o segundo estágio do DSCOVR”, escreveu Gray em sua atualização.
Ele estava usando dados do Catalina Sky Survey, que geralmente rastreia objetos próximos à Terra para avaliar ameaças ao planeta. Segundo Gray, Catalina encontrou um objeto cerca de um mês após o lançamento do DSCOVR, designado WE0913A, que a princípio se acreditava ser um objeto natural.
“Pouco depois, um astrônomo no Brasil observou em um grupo de notícias que o objeto estava orbitando a Terra, não o Sol, sugerindo que poderia ser um objeto feito pelo homem”, disse Gray. Após algumas conversas com o astrônomo, Gray e outros pesquisadores descobriram que o WE0913A passou pela Lua dois dias após o lançamento do DSCOVR.
“Eu e outros viemos aceitar a identificação com o segundo estágio (do Falcon 9) como correta. O objeto tinha o brilho que esperávamos, e havia aparecido no momento esperado e estava se movendo em uma órbita razoável”.
“Em retrospectiva, eu deveria ter notado algumas coisas estranhas sobre a órbita do WE0913A”, admite o astrônomo. “Assumindo que não houvesse manobras, teria sido uma órbita um tanto estranha ao redor da Terra antes do voo lunar. Em seu ponto mais alto, estaria perto da órbita da Lua; no seu mais baixo (perigeu), cerca de um terço dessa distância. Eu esperaria que o perigeu estivesse perto da superfície da Terra. O perigeu parecia bastante alto”.
“Eu não tinha uma trajetória para o DSCOVR na época, e o sobrevoo lunar parecia bastante plausível [como] a espaçonave frequentemente usa um sobrevoo lunar para ajustar suas órbitas”, disse Gray.
No entanto, após receber o e-mail da Nasa, conforme explicado por Gray, ele procurou nos registros um objeto lançado pouco antes de março de 2015, em uma “órbita alta passando pela lua” que poucas naves espaciais alcançam. Isso o levou à missão Chang’e 5 T1.
Fonte: Olhar Digital