Em estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (27), cientistas de 24 países avaliaram que pelo menos 21% das espécies de répteis do mundo estão ameaçadas de extinção. A conclusão é de uma análise de avaliações da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A equipe internacional estudou as necessidades de conservação de mais de 10,1 mil espécies de répteis, em comparação com mamíferos, aves e anfíbios. Foram incluídos na análise crocodilos, tartarugas, lagartos, cobras e até mesmo tuataras (Sphenodon), membros de uma linhagem distinta similar aos lagartos e endêmica da Nova Zelândia.
A maioria dos répteis do mundo reside em áreas florestadas, sofrendo com a extração de madeira e agricultura. O estudo apontou que 30% desses moradores de floresta estão em risco de extinção, em comparação com 14% dos que vivem em ambientes áridos.
“Como os répteis são tão diversos, eles enfrentam uma ampla gama de ameaças em vários habitats. É necessário um plano de ação multifacetado para proteger essas espécies, com toda a história evolutiva que representam”, salienta Neil Cox, co-líder da pesquisa, em comunicado.
O estudo revelou ainda que as consequências de não preservar esses animais podem ser desastrosas para o planeta: se cada um dos 1,8 mil répteis ameaçados se extinguisse da Terra, perderíamos um total de 15,6 bilhões de anos de história evolutiva – incluindo várias adaptações para viver em diversos ambientes.
“Muitos répteis, como o tuatara ou a tartaruga Carettochelys insculpta são como fósseis vivos, cuja perda significaria o fim não apenas de espécies que desempenham papéis únicos no ecossistema, mas também de muitos bilhões de anos de história evolutiva”, ressalta Michael Hoffmann, da Zoological Society of London, que esteve envolvido no trabalho.
Além disso, a pesquisa mostrou que a conservação de mamíferos, pássaros e anfíbios ameaçados é mais propensa do que o esperado a ajudar na proteção dos lagartos, tartarugas etc. “Esta é uma boa notícia porque os extensos esforços para proteger animais mais conhecidos provavelmente também contribuíram para proteger muitos répteis”, afirma Bruce Young, um dos líderes do estudo e cientista sênior da organização sem fins lucrativos NatureServe.
As conclusões da equipe também são valiosas para ajudar a proteger os animais, segundo os autores. “A pesquisa de conservação de répteis não precisa mais ser ofuscada pela de anfíbios, pássaros e mamíferos”, diz o coautor Mark Auliya, do Zoological Research Museum Alexander, na Alemanha. “Os resultados deste trabalho devem agora ser canalizados para atividades de pesquisa concretas para classificar o grau de ameaça de certas espécies e daí derivar medidas de conservação direcionadas.”
Fonte: Galileu