Emília Snethlage: quem foi a ornitóloga pioneira em estudos na Amazônia

Cientista alemã catalogou mais de 1,1 mil espécies de aves amazônicas e foi a primeira mulher a dirigir uma instituição científica no Brasil

Emília Snethlage: quem foi a ornitóloga pioneira em estudos na Amazônia (Foto: Wikimedia Commons)

A ornitóloga alemã Emília Snethlage ficou conhecida por ter sido a primeira mulher a dirigir uma instituição científica no Brasil. Depois de obter o doutorado em Filosofia Natural na Alemanha — façanha também pioneira para uma mulher na época —, ela foi contratada para trabalhar no Museu Paraense Emílio Goeldi. Suas expedições para catalogar espécies de aves resultaram em uma das obras mais influentes da área, além de terem revelado uma importante descoberta cartográfica. Conheça a seguir a vida e a carreira de Emília Snethlage.

Primeiros anos
Snethlage nasceu em 13 de abril 1868 em Kraatz (hoje Gransee), na Alemanha. Órfã da mãe desde os 4 anos, foi educada pelo pai, um religioso luterano. Trabalhou como governanta até 1899, quando aos 30 anos ingressou na Universidade de Berlim para estudar história natural. Quatro anos depois, tornou-se doutora em Filosofia Natural pela Universidade de Freiburg – foi uma das primeiras mulheres a obter a titulação acadêmica na Alemanha.

Mulher na ciência
Desde a universidade, Snethlage enfrentou resistências na academia e nas instituições científicas por ser mulher. Além de ter sido uma das primeiras mulheres com o título de doutora na Alemanha, foi a primeira mulher a dirigir uma instituição científica no Brasil – o Museu Paraense Emílio Goeldi, em 1914.

Ornitologia
No museu paraense, Snethlage exerceu o posto de ornitóloga, ciência em que mais se destacou. Sua principal obra é o Catálogo das Aves Amazônicas, publicado em 1914, em que apresenta 1.117 espécies de pássaros – tudo registrado por meio de observação in situ. De acordo com o Museu Goeldi, o livro serviu de referência para estudos sobre ornitologia brasileira por mais de sete décadas da sua publicação.

Aventura na Amazônia
A necessidade de observar a fauna in situ fez de Snethlage uma das principais exploradoras da Amazônia paraense. À época, inclusive, a região do Baixo Amazonas era conhecida entre os ornitólogos como “a área da Emília”. Em uma dessas aventuras, em 1909, ela conseguiu uma importante descoberta cartográfica: acreditava-se até então que havia uma ligação entre os rios Xingu e Tapajós. Depois de quatro meses de travessia, guiada por indígenas dos povos Xipaya e Kuruaya, Snethlage enfim comprovou que essa ligação não existe.

Últimos anos
Quatro anos após assumir a direção do Museu Goeldi, Snethlage foi afastada do cargo por causa de sua nacionalidade. Era 1918, e devido à Primeira Guerra Mundial o Brasil havia rompido relações diplomáticas com a Alemanha. Com o fim da guerra, ela foi readmitida em 1919, mas enfrentou resistências. Saiu em 1922 para ser contratada como naturalista no Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde também passou a fazer expedições pelo Brasil e América Latina. Morreu em 1929, aos 61 anos, vítima de um ataque cardíaco durante uma viagem por Rondônia.

Fonte: Galileu