No início de junho, o Google lançou a plataforma Dynamic World, que fornece dados de satélite em tempo real sobre as mudanças na cobertura e no uso da terra. A tecnologia com base em inteligência artificial (IA) produz mais de 5 mil imagens por dia e serve para quantificar uma série de impactos ambientais.
Um artigo sobre a ferramenta, que é totalmente gratuita, foi publicado em 9 de junho na revista Nature Scientific Data. Com tecnologia do Google Earth Engine e da AI Platform, Dynamic World é fruto de uma parceria com o World Resources Institute (WRI), ONG ambientalista com sede em Washington, nos Estados Unidos.
A plataforma mostra dados desde junho de 2015 até os dias atuais, sobre nove tipos de cobertura terrestre: água, árvores, grama, vegetação inundada, plantações, arbustos, solo nu, áreas construídas e neve/gelo.
A cobertura da terra está ligada a fatores da crise climática e da atividade humana, como desmatamento e desenvolvimento urbano. Segundo escreve em artigo Tanya Birch, gerente sênior de programas do Google Earth Outreach, com as informações da nova ferramenta, “pessoas — como cientistas e formuladores de políticas — podem monitorar e entender a Terra e os ecossistemas para que possam fazer previsões mais precisas e planos eficazes para proteger nosso planeta no futuro”.
As informações, provenientes do satélite Copernicus Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia (ESA), são atualizadas uma vez a cada dois a cinco dias, dependendo da localização. A ferramenta usa armazenamento de computação em nuvem e IA para detectar combinações das coberturas do solo, estimando a probabilidade de cada tipo de cobertura estar em cada pixel da imagem, que equivale a mais de 102 m².
Isso permite monitorar os ecossistemas à medida que mudam devido a enchentes, incêndios florestais, desmatamento ou urbanismo, por exemplo. Até agora, quatro ocorrências importantes foram destacadas: o Caldor Fire, um incêndio florestal que devastou o condado de El Dourado, na Califórnia (EUA), em 14 de agosto de 2021; as tempestades de neve que atingem Boston, no estado de Massachusetts (EUA); a erupção do vulcão Taal em 12 de janeiro de 2020, nas Filipinas; e as chuvas do Delta do Okavango, em Botsuana.
Durante o Caldor Fire, os dados de satélite da ferramenta mostraram como uma área antes coberta por árvores se tornou vegetação arbustiva. Dias após o incêndio, o mapa deixou de ser verde e ficou amarelo, indicando a transformação para a vegetação rasteira. De modo semelhante, é possível ver outras mudanças geradas pelos fenômenos que atingem a Terra.
A Dynamic World poderá ser usada por pesquisadores para construir seus próprios mapas. Mas não é preciso ser um expert para ter acesso: qualquer pessoa interessada no meio ambiente também pode explorar a plataforma no site dynamicworld.app ou no Resource Watch e no Google Earth Engine.
Fonte: Galileu