Terra indígena no MT sofreu 3 focos de incêndio por dia no 2º trimestre

Levantamento realizado por consultoria revela que áreas protegidas da Amazônia Legal somaram 1.481 focos de calor em abril, maio e junho de 2022

Focos de calor aumentam em áreas protegidas na Amazônia Legal (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Desmatamento, atividades agrícolas e períodos de seca: esses são alguns dos motivos por trás dos focos de calor na Amazônia Legal nos últimos anos. A região que abrange os estados de Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão faz parte de um conjunto de áreas protegidas, mas que ainda assim são atingidas por incêndios.

Um levantamento realizado pela Synergia Consultoria Socioambiental mostrou que, no segundo trimestre de 2022, as áreas protegidas mais afetadas somaram 1.481 focos de calor. A empresa produz relatórios periódicos desde 2019 com o objetivo de alertar a população para a realidade na Amazônia. 

Para o último levantamento, foram selecionadas 10 áreas protegidas, sendo cinco Unidades de Conservação (UCs) e cinco Terras Indígenas (TI). A partir de dados disponibilizados por órgãos como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Nasa e Ministério do Meio Ambiente, os pesquisadores conseguiram reunir informações e elencar quais os locais mais afetados e os fatores relacionados.

Focos de calor por áreas protegidas nos últimos 3 meses (2º Trim/2022) (Foto: Reprodução/Synergia)

As áreas protegidas com mais focos de calor identificados em abril, maio e junho deste ano estão localizadas em áreas de Cerrado ou em regiões de transição do Cerrado para o bioma amazônico. Entre os dez locais escolhidos, a Terra Indígena de Paresi lidera o ranking, com 320 focos de calor. Em média, três focos de incêndio foram registrados a cada 24 horas na TI, situada no Mato Grosso. Em 2021, essa mesma área sofreu fortemente a ação do fogo e contabilizou cerca de 30 mil hectares queimados.

Focos de calor por trimestre na TI Paresi (Foto: Reprodução/Synergia)

Segundo o relatório, devido à diminuição de índices pluviométricos, a possibilidade de surgirem focos de queimadas provocados por atividades humanas aumenta significativamente. Segundo dados do INPE, no primeiro trimestre deste ano, a organização registrou 3.413 alertas de desmatamento, já no segundo o número subiu para 11.626.

Marcos de Lima, coordenador de geoprocessamento na Synergia, destaca que isso ocorre por um afrouxamento da fiscalização. “É uma consequência da política de permissividade. Normalmente, esses avanços [do fogo] se iniciam em áreas que não têm essa proteção, mas hoje em dia já passaram para as áreas de conservação”, afirma.

Lima reitera que as áreas protegidas da Amazônia Legal são importantes para a regulação climática do planeta. E os efeitos já são percebidos, como na falta de chuva nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, no aumento de emissão dos gases de efeito estufa, na elevação da temperatura e até mesmo no fenômeno do céu escuro que tomou conta da cidade de São Paulo em 2019. “Precisamos chamar a atenção para essas questões que apresentamos aqui, pois a Amazônia tem muitas funções na biodiversidade”, lembra.

Fonte: Galileu