Um vulcão submarino no Pacífico Sul que entrou em erupção em 2015 e formou a ilha Hunga Tonga Hunga Ha’apai revelou uma comunidade microbiana única. A descoberta dessa colônia de microrganismos foi descrita no último dia 11 de janeiro na revista mBio.
No início de 2022, o vulcão voltou à ativa, destruindo a ilha com outra erupção, que jogou água na estratosfera e danificou até mesmo a camada de ozônio.
Durante os sete anos em que existiu, porém, Hunga Tonga Hunga Ha’apai revelou uma oportunidade única para estudar a vida microbiana. Uma equipe liderada por cientistas do Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais (Cires) e da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, aproveitou essa rara chance para estudar os primeiros colonizadores microbianos da massa de terra.
Os cientistas coletaram amostras de solo da ilha e as enviaram para o campus da Universidade do Colorado em Boulder. Em seguida, eles extraíram e sequenciaram amostras de DNA das coletas.
Para sua surpresa, os pesquisadores descobriram uma comunidade microbiana semelhante a organismos de profundidades saídas do mar ou fontes termais. “Ninguém jamais havia estudado exaustivamente os microrganismos neste tipo de sistema insular em um estágio tão inicial antes”, destaca Nick Dragone, aluno de doutorado do Cires e principal autor do estudo, em comunicado.
A expectativa, de acordo com Dragone, era ver organismos encontrados quando uma geleira recua ou cianobactérias, que são espécies mais típicas de colonizadores iniciais. “Mas, em vez disso, encontramos um grupo único de bactérias que metabolizam enxofre e gases atmosféricos”, diz o pesquisador.
De acordo com Dragone, uma das razões pelas quais os cientistas teriam descoberto microrganismos únicos são as propriedades associadas às erupções vulcânicas: muito enxofre e gás sulfeto de hidrogênio, que provavelmente os alimentam.
Após a erupção de 2022, toda a massa de terra foi destruída e os pesquisadores não puderam mais monitorar o local. “Todos esperávamos que a ilha ficasse”, disse Dragone. “Na verdade, uma semana antes da explosão da ilha, estávamos começando a planejar uma viagem de volta”.
O cientista admite que a equipe ficou desapontada com o desaparecimento da ilha, porém, o trabalho não foi em vão. “Agora temos muitas previsões sobre o que acontecerá quando as ilhas se formarem”, disse.
“Então, se algo se formar novamente, adoraríamos ir lá e coletar mais dados. Teríamos um plano de jogo de como estudá-la”, considera.
Fonte: Galileu