Desde ontem, especialistas do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros – órgão do Ibama sediado em João Pessoa (PB) -, pesquisadores das Universidades Federais do Pará, da Paraíba e de Sergipe, do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia e do Ibama em Sergipe estão participando, no Hotel Aquários, em Aracaju, da reunião do Comitê Internacional para Conservação e Manejo do Cebus xanthosternos (macaco-prego-do-peito-amarelo) e do Cebus robustus(macaco-prego).
O macaco-prego-do-peito-amarelo figura entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo – o Brasil tem três nessa lista. Ocorre em pouquíssimos fragmentos de mata atlântica remanescentes entre o sul da Bahia e o Estado de Sergipe. As estratégias para sua proteção incluem um amplo programa de reprodução em cativeiro, iniciado em 2002, que mantém atualmente 85 animais em 13 zoológicos no Brasil e Europa. O Cebus robustus, outra espécie de macaco-prego que faz parte da lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção, atualmente sobrevive em matas dos Estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo.
O evento conta com a participação de especialistas internacionais, como os da Conservation International, com sede em Washington, e vai se debruçar também sobre outras duas espécies – o guigó-de-coimbra-filho (Callicebus coimbrai), espécie descoberta há apenas seis anos, cujo nome homenageia o cientista e conservacionista brasileiro Adelmar Coimbra Filho, e o Callicebus barbarabrownae, conhecido simplesmente como guigó ou guigó-de-Sergipe. Ambos constam na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, na categoria “criticamente em perigo”.
O Callicebus coimbrai tem sido alvo no último ano de extenso trabalho de mapeamento das suas áreas de ocorrência, realizado pelo Centro de Proteção de Primatas Brasileiros e pela Gerência Executiva do Ibama em Sergipe, com a colaboração de órgãos como a CODEVASF e a Universidade Federal de Sergipe.
“Estamos debatendo estratégias para a conservação dessas espécies, principalmente através de Unidades de Conservação e RPPNs (Reserva Particular de Patrimônio Natural)”, diz Márcio Macedo, gerente executivo do Ibama em Sergipe.
O coordenador do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros, Marcelo Marcelino, antecipa que, ao final do encontro, na tarde de hoje, já se deverá ter estabelecido um plano de ação para os guigós, a ser implantado ainda este ano. A espécie foi descoberta pelo zoólogo Alfredo Langguth, uruguaio naturalizado brasileiro.
Quanto ao macaco-prego-do-peito-amarelo, Marcelino estima que haja hoje uma população remanescente com cerca de 800 indivíduos em áreas protegidas e cerca de dois mil no total.
(crédito da foto: Russell Mittermeier)