Danielle Jordan / AmbienteBrasil
As baixas temperaturas esperadas para o inverno parecem ainda estar longe do Brasil, que apresenta um inverno com clima quente e extremamente seco. No Paraná, a estiagem castiga produtores e preocupa a população que pode passar por um racionamento de água caso a chuva não chegue. No Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, os veterinários responsáveis pelos cuidados com os animais em cativeiro se preparam para garantir boas condições aos seus “pacientes”, para que os efeitos das mudanças de temperatura sejam minimizados.
O parque é equipado para manter a temperatura agradável nos cativeiros. O local mantém répteis em ambientes abertos e oferece alternativas para que os animais permaneçam aquecidos mesmo com baixas temperaturas.
O período de seca vivenciado na região tem pouca influência no bem estar dos animais mantidos em cativeiro. Estes animais têm os suprimentos de água e comida garantidos, no entanto a ambientação dos recintos pode ser prejudicada, “motivo pelo qual alguns destes precisam ser irrigados, porém sem exageros”, explica o médico veterinário do Parque, dr. Mathias Dislich.
Os répteis sobrevivem a temperaturas de até 10 graus, desde que não sejam expostos por muitos dias seguidos, esclarece o veterinário. “Exposições pontuais, ou seja, de um ou dois dias, à temperaturas inferiores a 5 graus são perigosas e muitas vezes fatais, se não forem tomadas medidas para corrigi-las”, adverte.
Os animais pecilotérmicos, chamados de animais de “sangue frio”, encontram na natureza a opção de escolherem abrigos quentes ou frios, de acordo com suas necessidades fisiológicas. No Parque dispositivos de aquecimento atendem as peculiaridades de cada espécie, oferecendo ao menos uma fonte de calor eficiente para que possam se aquecer nos dias mais frios. Além do acesso à luz solar direta, fundamental para a síntese de vitamina D, as serpentes contam com lâmpadas infra-vermelhas instaladas nos locais onde podem se esconder dentro do próprio recinto em que estão abrigadas.
Todos os anos as medidas de conforto térmico precisam ser revistas pela equipe técnica do zoológico, tendo como base as oscilações quanto à duração e intensidade dos dias de frio, presença de ventos e de chuva. Invernos mais brandos facilitam o manejo dos animais. Para garantia da temperatura ideal para as sucuris, que têm o costume de se esconder passando boa parte do tempo submersas na água, a opção foi o aquecimento da água com um sistema semelhante ao utilizado nas piscinas térmicas. “Neste caso a água é mantida sempre a uma temperatura de no mínimo 18 graus, que apesar de não ser a temperatura mais confortável, garante a elas a sobrevivência e proteção a quedas bruscas decorrentes de frentes frias”, explica Dislich.
As jibóias ainda podem descansar em uma pedra artificial aquecida, com temperatura de 25 graus. Uma serpentina de água quente corre abaixo da pedra, proporcionando uma temperatura agradável para os animais. A água é aquecida com a utilização de células fotossensíveis, obtidas com a energia solar.
Os resultados são visíveis, duas espécies de répteis, a jibóia (Boa constrictor) e o jacaré de papo amarelo (Caiman latirostris), tiveram êxito na reprodução no início deste ano.