Retrospectiva 2007 – Ano foi pródigo em descobertas científicas, do sistema solar e fora dele aos achados arqueológicos

Neide Campos / AmbienteBrasil

Há vida fora da Terra? Há seres inteligentes nos observando? Essas questões foram lembradas durante todo o ano, em função de descobertas no nosso Sistema Solar e principalmente fora dele.

Em abril, um grupo de pesquisadores europeus anunciou a descoberta de um planeta fora do Sistema solar com condições para abrigar vida. Porém, em junho outro grupo contestou essa informação, alegando que o planeta – batizado de Gliese 581c – deve sofrer com um efeito estufa intenso, que eleva sua temperatura acima dos 100º C e o tornaria, portanto, inabitável (leia mais em CO2 põe em dúvida habitabilidade de planeta extra-solar).

Mas a esperança de encontrar vida fora da Terra persistiu. Em maio, Margaret Turnbull, astrobióloga da Nasa, afirmou que o nosso sistema solar está longe de ser único e que pode haver bilhões de planetas habitáveis.

No mesmo mês, uma equipe de cientistas determinou que o planeta HD 149026b era o mais quente já descoberto, com uma temperatura que chega a 2.000º C.

A água fora do Sistema Solar foi encontrada em julho, no planeta HD 189733b, um gigante gasoso semelhante a Júpiter.

Em outubro, cientistas descobriram que os planetas atuais e boa parte do que existe neles, incluindo seres humanos, vêm do pó de quasar, gigantescos buracos negros do Universo primordial (leia em Planetas e vida são feitos de poeira de quasar, diz estudo).

Em novembro, três planetas extra-solares foram descobertos. Todos cabem na categoria de “Júpiteres quentes”, mundos de tamanho comparável ao de Júpiter – com mais de mil vezes o volume da Terra – e que giram muito perto de suas estrelas, o que os torna extremamente quentes (2.000ºC) e de período orbital curto.

Um artigo publicado pela revista Nature Geoscience argumentou que a biodiversidade da Terra foi estimulada por um bombardeio de asteróides – mais ou menos como o que aconteceu há 65 milhões de anos e extinguiu os dinossauros – há 400 milhões, em um período que coincide com o chamado Grande Evento de Biodiversificação do período Ordoviciano (leia mais em Bombardeio de asteróides estimulou biodiversidade na Terra).

Cientistas também descobriram a idade da Lua. Estudo publicado no semanário britânico Nature apontou que o satélite natural da Terra deve ter nascido cerca de 62 milhões de anos depois do início da formação do Sistema Solar, há 4 bilhões e 567 milhões de anos.

Passado

O ano foi pródigo em achados que puderam auxiliar os cientistas a desvendar o planeta na pré-história. Já em janeiro um grupo de paleontólogos descobriu, no Japão, restos de um dinossauro que estimam ser o maior que vivia na região – há cerca de 130 milhões de anos. Foram encontrados cerca de 12 fósseis de um titanossauro – herbívoro de mais de 10m.

No final do mesmo mês, cientistas encontraram em cavernas na planície de Nullarbor, no sul da Austrália, 69 fósseis de animais que viveram entre 400 mil e 800 mil anos atrás. Na descoberta, fósseis de 23 espécies de cangurus – oito delas totalmente novas para a ciência.

Em março, cientistas encontraram na China o que pode ser considerado o “elo perdido” da audição. O yanoconodonte (Yanoconodon allini) tem os ossos do ouvido numa posição intermediária entre os de répteis e mamíferos modernos.

Cientistas do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsoniano decifraram os genes do dinossauro, reforçando a tese de que os pássaros da atualidade são descendentes desses animais pré-históricos.

No Brasil, a Receita Federal do Aeroporto Internacional de São Paulo apreendeu 700 quilos de fósseis arqueológicos que seriam exportados ilegalmente para o exterior. E descobriu-se que a região de Bauru, interior paulista, era o habitat de um “crocodilo do deserto” que viveu há 90 milhões de anos.

Em junho, a paleontologista vegetariana do Museu de Rockies Cynthia Marshall Faux declarou que a forma como os fósseis de dinossauros são encontrados, geralmente de bocas semi-abertas, com a cabeça para trás e a cauda em curva, pode sugerir morte por asfixia e problemas no cérebro.

Em julho, um filhote de mamute fêmea encontrado na Rússia animou a comunidade científica (leia mais em Bebê mamute descoberto quase intacto é tesouro para cientistas).

Um grupo de palentólogos brasileiros e argentinos anunciou, em outubro, a descoberta de um herbívoro, o Futalognkosaurus dukei, que viveu na região hoje correspondente ao norte da Patagônia, cerca de 80 milhões de anos atrás. O dino tinha tamanho comparável ao Cristo Redentor, símbolo do Rio de Janeiro.

Em novembro, a descoberta de um escorpião marinho de 390 milhões de anos com 2,5 metros de comprimento, em uma pedreira alemã, sugere que os aracnídeos, insetos e crustáceos pré-históricos eram muito maiores do que se pensava até agora. Pesquisadores anunciaram, em dezembro, a descoberta de dentes, pedaços de crânio e vértebras de um réptil, até então desconhecido, de aproximadamente 13 metros.

Arqueologia

2007 também foi um ano de grandes achados arqueológicos, como vestígios de uma sala de um jogo similar ao boliche, no Egito, datado da dinastia grega dos Ptolomeus (332 a.C.- 30 d.C.). Também foram encontradas tâmaras de 3.000 anos na tumba do faraó Tutancâmon. No Marrocos foram descobertas conchas decorativas com mais de 82 mil anos, consideradas as mais antigas. No Brasil, pesquisadores do museu paraense Emílio Goeldi e da Universidade de Campinas (Unicamp) encontraram pinturas rupestres subaquáticas no Rio Trombetas, no oeste do Pará.

Uma caverna no litoral africano, de 165 milhões de anos atrás, revelou sinais de comportamentos e tecnologias não compatíveis com a época, como o consumo de frutos do mar, lâminas de pedra de um centímetro de comprimento e pigmentos vermelhos, feitos à base de rocha. E no sul do Brasil, arqueólogos descobriram uma civilização de cinco mil anos (leia mais em Civilização de 5 mil anos é descoberta em Santa Catarina).

Em abril, estudo feito com esqueleto de 35 mil anos, encontrado na China, que apresentava características de humanos arcaicos, indicou que a dispersão do homem a partir da África foi mais complexa do que se imaginava.

Em agosto, um osso do maxilar superior que teria sido de um representante da espécie Homo habilis e um crânio intacto, atribuído à espécie Homo erectus, descobertos na região do Vale de Turkana, no Quênia, colocaram em xeque a evolução humana. Acreditava-se que o Homo habilis teria evoluído para o Homo erectus que, por sua vez, teria originado o Homo sapiens, a espécie humana atual, porém os fósseis indicaram que o habilis e o erectus podem ter coexistido durante um período de 500 mil anos na região do vale.

No mesmo mês, a descoberta, na Etiópia, de uma pré-gorila de 10 milhões de anos mostrou que os homens e os macacos podem ter se separado muito antes do que se pensava. A descoberta reforça a tese da origem do Homem na África.

Em setembro, um artigo na revista científica Nature afirmou que o Homo erectus foi a primeira espécie conhecida do gênero humano a migrar da África para a Ásia e a Europa (leia mais em Pioneiro na migração da África foi Homo erectus, diz cientista).

Tecnologia

No Brasil, a tecnologia despontou como peça-chave para aprimorar o cuidado com o meio ambiente. Em agosto, foi lançado o Verdes – sigla para Viabilidade Econômica da Reciclagem dos Resíduos Sólidos -, um programa que funciona como ferramenta prática para prefeituras, secretarias, instituições, ONGs, universidades e pesquisadores calcularem a economia de matéria-prima, energia, água e a redução dos danos ambientais, coleta, transporte e arranjo final do lixo, a partir da reciclagem (leia mais em EXCLUSIVO: Criado no Brasil, “primeiro software ecológico do mundo” calcula viabilidade econômica da reciclagem).

Ainda em agosto, AmbienteBrasil divulgou um produto desenvolvido a partir de projeto do professor de Física Newton Lima, com alunos de Engenharia Civil, Ambiental e Arquitetura da Ulbra – Centro Universitário Luterano – de Manaus: EXCLUSIVO: Tijolo que reutiliza garrafas PET concorre a prêmios científicos.

Em setembro, o portal antecipou, com exclusividade, que “Casa ecológica” com bambu e raspas de pneus pode ser aprovada pelo Sistema Financeiro de Habitação.

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