Mônica Pinto / AmbienteBrasil
No próximo mês chegam a Curitiba (PR) doze ônibus articulados (veículos duplos com estruturas unidas por uma “sanfona”) que marcam o início de mais uma experiência da administração municipal no sentido de implantar no transporte urbano combustíveis alternativos ao diesel.
Esses ônibus – seis da Volvo, seis da Scania – vão rodar movidos a biodiesel feito com óleo de fritura usado. O processo de beneficiamento do produto – resumidamente, filtragem e esterificação – terá de observar especificações européias, uma exigência das montadoras para garantir que não haja prejuízo aos componentes do motor.
Essa iniciativa foi o tema da segunda Reunião do Grupo de Trabalho de Avaliação das Mudanças Climáticas, formado em maio passado no âmbito do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
No encontro, realizado na sexta-feira passada na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smma), Élcio Luiz Karas, da Área de Vistoria e Cadastro da Urbs (Urbanização de Curitiba), fez uma apresentação sobre ações do órgão dentro do Programa de Utilização de Combustíveis Alternativos, posto em prática desde 1995, quando cinco ônibus começaram a circular abastecidos com uma mistura de álcool hidratado e aditivo, na proporção de 95% e 5% respectivamente.
Agora, esses doze veículos movidos a B100 – tecnicamente, como se denomina o combustível – vão demandar por dia dois mil litros de óleo de fritura, pelos cálculos da Urbs. A oferta deste, a princípio um resíduo de alto potencial poluente, é estimada em 800 mil litros/mês, portanto suficiente para essa investida inicial.
A proposta é que uma empresa já em operação na cidade faça a coleta, numa logística que incluirá condomínios, restaurantes e comunidades. “Isso está sendo desenhado e estamos cientes de que precisaremos do apoio de grande parte da população”, disse Élcio, lembrando que a experiência contribui para resolver – ou ao menos minimizar – um passivo ambiental.
Os doze ônibus compõem dois terços da frota inicial a circular pela chamada Linha Verde, o sexto corredor de transporte urbano de Curitiba, cuja primeira etapa está prevista para entrega em outubro próximo, num investimento de R$ 121 milhões.
Maior obra de infra-estrutura viária em andamento no Paraná, esse primeiro trecho tem 9,4 quilômetros de extensão e corta dez bairros, no leito da antiga rodovia BR-116.
Operam hoje em Curitiba 28 empresas de ônibus – urbanas e metropolitanas -, que disponibilizam à população 2.690 veículos, cujas emissões são verificadas periodicamente. Na mais recente verificação, a Urbs constatou que, comparativamente à anterior, seis meses antes, houve redução de 11% no índice de fumaça emitida (opacidade, no jargão técnico). A amostra foi de 680 ônibus, o equivalente a 36% da frota.