Enquanto o Brasil se mobiliza, pessoas a entidades, na sua maioria sociais, entes financeiros, Exército até a Marinha demonstram uma forma de ação frente ao maior desastre ambiental da natureza neste século, com as enchentes de Santa Catarina, nós, ambientalistas, onde ficamos?
Primeiro, os movimentos sociais denunciaram os equívocos de ocupação ou o efeito estufa. O poder público federal continuou na Amazônia, multando e fiscalizando.
Perdemos o bonde para demonstrar que sabemos e conhecemos de ambiência o suficiente para aplicar este conhecimento na ajuda humanitária.
Usar, por exemplo, as entidades de proteção aos animais para coletar os milhares de seres não humanos desabrigados, ou perdidos em criadouros, zoológicos e tantas outras possibilidades, na imensidão do caos de água e lama. E lógico, os animais racionais, dito humanos, com o acolhimento dessa integração.
As entidades de proteção a florestas ou águas, outro exemplo, ajudando a estabelecer critérios que diminuam já o grave impacto, mitigando as operações de corte e recolhimento, ou de como conseguir água potável, sua descontaminação, e outra gama infinita de alternativas.
Centenas de postos de gasolina ficaram embaixo d’água, e muitos vazaram, depósitos rurais com agrotóxicos, lojas com todos os tipos de químicos, fármacos! Qual o tratamento a ser dado? Quem, no meio do caos social, está podendo ter tempo de usar seu conhecimento ambiental para mitigar estes problemas?
O Ministério do Meio Ambiente possui milhares de funcionários de alta competência, carros preparados para enfrentar florestas e áreas alagadas (4×4, traçados etc), GPS, barcos, helicópteros… Onde ficou nesta tragédia ambiental? O que será que aconteceu para as autoridades ambientais não entenderem que é exatamente nestes eventos que mais são necessárias?
Lembro-me dos milhares de voluntários e de todo esforço em eventos como o vazamento de Petróleo do Rio Iguaçu na REPAR, ou outros similares pelo Brasil.
Basta este alerta: estamos esquecendo que meio ambiente se faz principalmente com solidariedade e comprovação do discurso na prática, e nossa parte tem que ser feita tanto na estratégia de luta como no campo, embaixo da chuva e no meio da lama.
P.S: Sim, estive em Santa Catarina, e nas enchentes similares, em 1983, coordenei voluntariamente a Defesa Civil no interior do Paraná por semanas, mas também me sinto omisso.
* É engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.