Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara desenvolveram um material que pode substituir o vidro em produtos como televisores e celulares. Sustentável e flexível, a película é feita a partir de uma bactéria alimentada com glicose e, segundo os cientistas, é mais barata do que as opções de mercado.
As telas tradicionais são feitas a partir da sílica encontrada na areia. Os especialistas queriam desenvolver telas provenientes de materiais orgânicos. Depois de 11 anos de estudo, chegaram a uma alternativa.
Eles constataram que uma bactéria encontrada no vinagre produz celulose e testaram formas de alimentá-la.
“A gente pode trabalhar com resíduos agroindustriais como, por exemplo, melaço. A gente tem trabalhado com goma de caju, que é um resíduo nacional, e todo resíduo que tenha fonte de carbono em abundância eu posso tentar fornecer para a bactéria produzir celulose depois”, contou o pesquisador Hernane Barud.
Devidamente alimentadas, as bactérias ficam incubadas para que possam se reproduzir. Depois, são lavadas e eliminadas, deixando para trás celulose pura.
Transparência e flexibilidade – A celulose é prensada e o material resultante é muito resistente, mas não é transparente, um problema solucionado pelos pesquisadores com a ajuda do óleo de mamona.
“O óleo de mamona é um precursor para a gente produzir o poliuretano. Então a gente utilizou e teve sucesso nos substrato final, que é transparente como o vidro”, explicou Barud.
Além de não prejudicar a natureza, o novo material tem outra vantagem. Ao contrário do vidro, ele é bastante flexível, uma característica valorizada em novos produtos tecnológicos.
“Há uma grande corrida tecnológica ultimamente no desenvolvimento de smartphones com telas flexíveis e TVs flexíveis. Hoje há algumas à venda, só que utilizando polímeros industriais caros”, disse o pesquisador Robson Rosa da Silva.
“No nosso caso, nós estamos utilizando um polímero natural, que é a celulose, e também é derivado do óleo de mamona, e o Brasil é bastante rico nesses polímeros”, completou.
O biomaterial já foi patenteado e a pesquisa ganhou reconhecimento em uma revista britânica, mas, de acordo com os cientistas, ainda não há uma previsão para a chegada do produto ao mercado. (Fonte: G1)