Dia de campo aborda perspectivas para a cultura da banana em Rondônia

Um trabalho conjunto entre órgãos de pesquisa, desenvolvimento, extensão rural e governos estadual e municipal de Rondônia está sendo responsável pela divulgação de resultados de pesquisa da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, relacionados ao melhoramento da cultura da banana.

Variedades resistentes à sigatoka negra, uma das principais doenças dos bananais da região Amazônica, estão sendo apresentadas aos produtores rurais do Estado, ainda carentes de informações sobre como lidar com a queda de produção ocasionada pelo avanço da doença.

Mudas de variedades resistentes -como FHIA, Thap Maeo e Caipira – estão sendo micropropagadas pela Embrapa Amazônia Oriental em Belém (PA) para serem introduzidas em Rondônia, em um viveiro de propagação vegetativa da Secretaria Municipal de Agricultura de Porto Velho (Semagric).

Após a introdução, as mudas serão direcionadas a 40 agricultores previamente selecionados pela Emater-RO. “O produtor deve ter condições de explorar uma atividade que dê retorno financeiro e as tecnologias desenvolvidas pela Embrapa devem ser disseminadas, disse o secretário-executivo da Emater-RO, Sonrival de Lima, se referindo à necessidade das variedades resistentes à sigatoka negra chegarem aos bananais da região.

Nesta terça-feira, 16, um dia de campo sobre o tema na Embrapa Rondônia reuniu um público de aproximadamente 100 pessoas – entre extensionistas, pesquisadores e produtores rurais – onde variedades dos grupos FHIA (Fundação Hondurense de Investigações Agrícolas), Caipira e Thap Maeo foram apresentadas. Os pesquisadores José Nilton Medeiros Costa – da área de Entomologia da Embrapa Rondônia – e Edson José Artiaga de Santiago – da área de Biotecnologia da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) – e o engenheiro agrônomo Zenildo Ferreira Holanda Filho, da Gestão de Transferência de Tecnologias da Unidade de Porto Velho, abordaram aspectos sobre tratos culturais e controle de pragas e doenças.

De acordo com as projeções da Emater-RO, um prazo de três anos será necessário para que os produtores interessados sejam atendidos. Apesar de possuírem sabor diferente das bananas que estão no mercado, as variedades resistentes à sigatoka negra devem ter boa aceitação, segundo os pesquisadores.

As variedades FHIA são semelhantes em sabor às do grupo Prata. Para o pesquisador Edson José Artiaga, o mercado é quem dita aos produtores quais variedades plantar. “Com a incidência da sigatoka negra, as bananas resistentes à doença terão maior valorização”, explica. “O produtor deve ter consciência de que os materiais suscetíveis devem ser retirados”, completa.

PESQUISA

O processo de micropropagação das mudas resistentes é complexo. Em primeiro lugar, exemplares da banana que se sobressaem – considerando produção, tolerância a pragas, doenças e outros aspectos – são enviados para o laboratório e micropropagados, gerando clones, após passarem por um processo de limpeza vegetal, identificando e eliminando patógenos.

As mudas são aclimatadas, então, em um viveiro de propagação vegetativa, sendo depois encaminhadas para o plantio. Segundo Artiaga, 20 Unidades de Observação e Pesquisa serão implantados em Rondônia, em propriedades previamente selecionadas.

Um aspecto importante apresentado pelo pesquisador é que o produtor não deve ceder mudas de materiais considerados resistentes em sua propriedade para vizinhos. “Os tratos culturais são determinantes na preservação da característica da planta. Uma variedade tolerante em uma propriedade pode apresentar sintomas da doença se o produtor não seguir as recomendações de manejo”, explica Edson Artiaga.

A recomendação, de acordo com ele, é a seguinte: as mudas devem ir novamente para o laboratório, onde é executada a limpeza vegetal e a micropropagação. Depois, são plantadas nas propriedades interessadas. Mais informações podem ser obtidas junto à assessoria de comunicação social da Embrapa Rondônia pelo e-mail gfviana@cpafro.embrapa.br ou pelo telefone (69) 225-9387. (Embrapa)