A ABPO – Associação Brasileira de Pecuária Orgânica e o WWF-Brasil realizam, de 13 a 15 de abril, na sede da FAMASUL – Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, o curso Capacitação em Pecuária Orgânica. O curso destina-se a integrantes de instituições, fazendeiros, técnicos e pesquisadores ligados à atividade pecuária na Bacia do Alto Paraguai.
A capacitação é ministrada pela empresa Orion Consultores Associados, certificada pelo IBD – Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural e será feita para um grupo de aproximadamente 40 pessoas. Para o presidente da ABPO, Homero Figliolini, este curso é um passo fundamental no desenvolvimento da pecuária orgânica no Mato Grosso do Sul. “Com a disseminação de informações sobre a pecuária orgânica certificada a expansão da atividade certamente estará fortalecida no estado”, afirma. Atualmente o número de produtores certificados no estado não chega a dez.
A parceria entre a ABPO e o WWF-Brasil visa o desenvolvimento da pecuária orgânica certificada no Pantanal. Ela foi iniciada em setembro de 2003, com a criação de um fundo de fomento a pesquisas sobre a aplicação da pecuária orgânica. O resultado da primeira pesquisa deve ser obtido ao final deste ano, quando se prevê esteja identificada a melhor alternativa de produção da pecuária orgânica de corte certificada na região.
“A pecuária é a principal atividade econômica no Pantanal e também aquela que determina o uso do solo e vários impactos ambientais, por isto buscamos estudar e promover as formas de alcançar a conciliação da criação de gado com conservação do meio ambiente”, diz a coordenadora do Programa Pantanal para Sempre do WWF-Brasil, Bernadete Lange.
Segundo Bernadete Lange, um dos objetivos do curso de capacitação é que os participantes compreendam que a adoção da pecuária orgânica certificada é interessante não apenas por conservar natureza. “O modo de produção certificado apresenta mais possibilidade de ampliar a rentabilidade do pecuarista, pois gera produtos de maior valor em relação ao processo tradicional”, declara ela, que é bióloga e mestre em Zoologia.
O modo de produção orgânico na pecuária trabalha com elevados níveis de respeito ao bem-estar animal e ao ambiente. A pecuária orgânica certificada proíbe o uso de drogas químicas sintéticas como promotores de crescimento, hormônios, medicamentos veterinários ou outros aditivos químicos sintéticos. Nesta modalidade de criação, no mínimo 90% da dieta alimentar deve ser de origem orgânica e são vedados o uso de fertilizantes químicos ou agrotóxicos nas pastagens. Nos processos de certificação, é estimulado o uso de pastagens nativas, o que beneficia a biodiversidade.
Do ponto de vista econômico-financeiro, uma das vantagens para o pecuarista em adotar o modo de produção orgânico é o pagamento, pelo comprador, de um prêmio sobre os animais vendidos em relação ao boi de cria tradicional. De acordo com a equipe de pecuária orgânica da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP – Universidade de São Paulo, a estimativa é que o mercado potencial de carne orgânica no Brasil, caso houvesse oferta suficiente, representaria cerca de 10% de todo o mercado de carne bovina, o equivalente a 794 mil toneladas. Provavelmente esta produção seria destinada apenas a exportação, alcançando nichos específicos de mercado que estão dispostos a pagar por um produto diferenciado. Atualmente o País não atende a demanda por falta de escala de produção. (Ascom WWF-Brasil)