Vice-diretora do Museu Emílio Goeldi defende aplicação de novo conceito de territórios sustentáveis

Dentro da Amazônia Oriental, as frentes agrícolas não estão inertes. Além das mais antigas, que roubaram a área de floresta há 100 anos, outras chegaram bem mais recentemente, há cinco ou seis anos no máximo. “É o caso da Terra do Meio, onde a ausência do estado é total”, disse Ima Vieira, vice-diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, à Agência Fapesp.

Essa região encravada no meio do Pará, entre os rios Xingu e Iriai, é um exemplo claro de uma área de colonização nova. Ali, a Floresta Amazônica reinava absoluta até meados da década passada. “Na Terra do Meio, é possível perceber que a dinâmica do desmatamento está atrelada ao trabalho escravo, à grilagem de terras e até a atividades do narcotráfico”, disse Ima.

É com base nessa áreas, e também para resolver o problema dessas regiões chamadas de críticas pela pesquisadora do Museu Goeldi, que está surgindo o conceito de “territórios sustentáveis”, apresentado pela própria Ima na 3ª Conferência Científica do LBA (sigla em inglês para Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), encerrada nesta quinta-feira (29), em Brasília (DF).

“É importante, nessas regiões, que sejam mantidas a biodiversidade e a ecologia do ecossistema ao mesmo tempo que o desenvolvimento socioeconômico da região é assegurado”, defendeu.

Apesar de parecer óbvio, em termos de Brasil, segundo Ima, isso é ainda um conceito pouco usado, quando se desenham políticas públicas para a região Amazônica. “O ideal é que se faça uma espécie de mosaico, que tenha áreas de conservação e áreas para o desenvolvimento”.

Na lista apresentada por Ima não é apenas a Terra do Meio – também chamada de Terra de Ninguém pelos cientistas e ambientalistas – que está classificada como crítica. Há ainda a própria região do entorno da estrada BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, e mais outras duas, pelo menos, ainda na Amazônia Oriental.

“Existe um local ao sul do Amazonas, em Apuí, em que a mineração está chegando. Além disso, a cabeceira do rio Arapiuns, no Pará, também está recebendo pressões”, revelou Ima. (Agência Fapesp)