Um grupo de cerca de 400 índios Xavante Maraiwatse fecharam na noite desta sexta-feira (30), um trecho da BR-158 para velar, na estrada, o corpo da segunda criança morta esta semana em decorrência de pneumonia e desnutrição.
De acordo com administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Goiânia, Edson Beiriz, a tribo ainda não divulgou o nome da criança, mas revelou que ela tinha apenas um ano.
“Um funcionário da Funai chegou a transportá-la para um hospital em Ribeirão Cascalheira (MT), mas ela morreu antes de ser atendida”, conta Beiriz. Ele recebe informações de quatro funcionários da Funai que estão na área, a mil quilômetros de Goiânia e de Cuiabá. “Tenho conversado com eles pelo telefone de um posto de gasolina. Amanhã viajo para lá. Já enviei pedido de apoio para a Polícia Federal e para o Ministério Público. Uma equipe da Funai e outra da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) deve chegar ao local nas próximas horas”.
De acordo com Beiriz, o bebê Jardeu Xavante, de 1 ano, foi o primeiro a morrer, na quarta-feira, de pneumonia e desnutrição. Os guerreiros da tribo enterraram o corpo na área que tradicionalmente pertencia à etnia. Uma liminar, ainda não julgada pelo Supremo Tribunal Federal, garantiu que a terra fosse ocupada por fazendeiros. Expulsos, os índios estão acampados há nove meses às margens da estrada mais próxima da reserva, que liga os principais municípios do interior do Mato Grosso.
O administrador regional da Funai teme um conflito entre índios e posseiros. “Um dos anciões mandou o seguinte recado: Esse menino não morreu, ele é um guerreiro que vai entrar na terra indígena Maraiwatsede, na nossa frente”, conta Beiriz. Segundo Beiriz, outras duas crianças da tribo estão hospitalizadas. “As mortes e as internações são conseqüência direta das condições precárias vividas por esses índios. Eles moram em barracas de lonas plásticas, aspiram poeira da estrada e bebem água cheia de coliformes fecais.”(Radiobras)