Um estudo desenvolvido na FMUSP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo constatou que a poluição das grandes cidades, como é o caso de São Paulo (SP), pode provocar um crescimento no número de mortes entre recém-nascidos. A pesquisa analisou a relação entre a concentração de gases poluentes na atmosfera e o número de mortes de crianças recém-nascidas entre 1 e 28 dias de vida na capital paulista.
“Houve um crescimento de 6,3% no número de mortes entre as crianças durante os dias em que a poluição atmosférica foi mais intensa”, disse Chin An Lin, professor da FMUSP e responsável pelo estudo, à Agência Fapesp. Segundo o pesquisador, os resultados obtidos mostraram que a poluição causa inflamações graves nas vias aéreas dos recém-nascidos, que acabam morrendo de forma prematura em decorrência dessas infecções.
Chin, que detectou grande presença de dióxido de enxofre e materiais particulados como metais pesados e poeira no ar paulistano, alertou que o problema ocorre desde o início da gestação. “Os bebês já estão expostos aos efeitos da poluição na barriga da mãe”, revela. Uma outra pesquisa desenvolvida recentemente, explica o pesquisador, demonstrou a presença de altos índices de monóxido de carbono no sangue do cordão umbilical das mães estudadas. “A concentração aumentou em dias mais poluídos”, explica.
A pesquisa, que foi dividida em quatro períodos considerando os dias menos e mais poluídos da capital paulista, foi realizada no Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da FMUSP. Os números oficiais da mortalidade em São Paulo, obtidos no Proaim – Programa de Aprimoramento de Informação sobre a Mortalidade, foram cruzados com os dados referentes às condições meteorológicas oferecidos pela Cetesb – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental.
“Estamos diante de um problema ambiental com graves conseqüências na saúde pública da população brasileira”, disse. É sabido que diversas causas podem levar uma criança à morte, como desnutrição, diarréia ou infecções generalizadas. Porém, dentre as principais causas está a poluição, que contribui direta ou indiretamente para este problema”, lamenta Chin. (Agência Fapesp)