A liminar que autorizava a entrada de fazendeiros na reserva indígena dos xavantes Marãiwatsede, em Mato Grosso (MT), foi derrubada, por unanimidade, no STF – Supremo Tribunal Federal. A decisão prevê que a área seja dividida entre índios e posseiros. A reserva xavante ocupará 145 mil hectares. Os posseiros terão direito de ocupar 20 mil hectares. Segundo o STF, ainda cabe recurso e não há como prever uma data para o julgamento final.
Mesmo sem saber da decisão do STF, os Xavantes entraram na terra indígena nesta terça-feira (10) à tarde. Os índios estavam armados de arco e flechas, mas não precisaram usar. Segundo a Polícia Federal, a ocupação dos índios foi pacífica. Os índios informaram que a fazenda ocupada ainda tinha bois, mas o cacique da tribo, Damião, garantiu que todo o rebanho será devolvido. No final da tarde, os índios Xavantes, todos pintados de vermelho e preto, característica dos guerreiros, comemoraram com cantos a decisão do STF.
A terra indígena Marãiwatsede está situada no município de Alto Boa Vista, no Mato Grosso (MT), e conta com 165 mil hectares. Atualmente, a reserva estava ocupada por cerca de 400 famílias de posseiros, fazendeiros de soja e madeireiras clandestinas. Os índios Xavantes estão, desde a década de 60, fora de sua terra original. Nessa época, o governo de Mato Grosso vendeu a área a um grupo de usineiros do interior de São Paulo e a tribo acabou expulsa.
Cerca de 500 xavantes Marãiwatsede estavam acampados há quase um ano na BR-158, em Mato Grosso (MT), para reivindicar o direito de voltar à terra. Neste período, cerca de 13 crianças foram internadas em hospitais do estado com pneumonia e desnutrição e três crianças da mesma tribo morreram. Ao todo, 120 crianças estavam vivendo no local, em condições precárias, com 400 adultos da etnia. (Com informações da Radiobrás e Estadão Online)