Um sistema que permite avaliar a qualidade da água dos rios em tempo real está sendo desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz. O método identifica alterações no comportamento dos animais decorrentes da poluição da água, com o objetivo de determinar o nível de contaminação dos efluentes industriais.
“O sistema monitora os potenciais tóxicos não apenas de uma amostra de água, mas do fluxo contínuo do rio”, explicou o biólogo Darcilio Fernandes Baptista, pesquisador do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, à Agência Fapesp.
Os pesquisadores mantêm peixes em um aquário à margem de um rio na cidade de Paracambi, interior do Rio de Janeiro, monitorados por câmeras de vídeo. A água do rio é sugada continuamente por uma bomba de imersão para circular pelo aquário, onde são feitas as análises comportamentais. “Ao passar alguma onda tóxica, o sistema soa um alarme para que as análises possam ser feitas naquele exato momento”, explica o pesquisador.
“As imagens são processadas por um software de computador que gera diferentes parâmetros, como a velocidade de deslocamento, distância percorrida e o tempo que os peixes ficam parados”, explica Baptista. Com a invenção, que já está em fase de patenteamento pela Fiocruz, é possível comparar as imagens dos peixes em água limpa e contaminada para verificar as alterações de comportamento associadas aos compostos químicos lançados no ambiente.
Baptista acredita que o custo do sistema não deverá ultrapassar R$ 15 mil. O sistema poderá ser adquirido, por exemplo, por empresas, para promover o monitoramento constante dos efluentes industriais. “Com o novo conceito de poluidor pagador, as indústrias têm um grande interesse de provar que não estão contaminando as águas do rio. Com o protótipo, elas poderão ter um registro mensal da qualidade de seus efluentes”, acredita. (Agência Fapesp)