Estudo aponta queda nas fontes alimentares da Antártida

A ocorrência de um pequeno camarão de águas geladas, fonte de alimentação básica de focas, pingüins e baleias, declinou cerca de 80% desde 1970, na região da península antártica. Embora mais pesquisas sejam necessárias para entender a natureza do fenômeno, dados de estudo realizado no local indicam que o fato se deve ao aumento da temperatura atmosférica e ao conseqüente derretimento das águas oceânicas congeladas, habitat do crustáceo.

“Precisamos agir rapidamente para encontrar uma saída para o que está acontecendo” alertou Angus Atkinson, líder da pesquisa e biólogo marinho da British Antarctic Survey. “É a primeira vez que percebemos este acontecimento (desaparecimento do pequeno camarão) em grade escala. Hoje, temos cerca de 1/5 da população deste crustáceo em relação ao que havia na década de 1970”, ilustrou, em entrevista.

Este crustáceo de aproximadamente 6 centímetros de comprimento alimenta-se de algas e fotoplanctons existentes debaixo da camada congelada de água salgada. Por sua vez, vai servir como base da alimentação de espécies maiores.

Segundo Atkinson, uma interferência no início deste efeito em cadeia pode culminar com mudanças drásticas nos hábitos alimentares de focas, pingüins e baleias, além de influenciar diretamente o comportamento destes animais e na diminuição das espécies na região. “Precisamos entender o mecanismo desse ecossistema para estarmos aptos e predizer o que acontecerá no futuro. Mas sabemos que chave da questão está no aquecimento desta área em particular”, concluiu. (Estadão Online)