As pesquisas sobre mudanças climáticas globais e os estudos sobre a adaptação do homem a estas mudanças estão caminhando em direções muito divergentes, tornando mais difícil a tomada de decisões, advertiu Richard Klein, pesquisador do Instituto de Investigações sobre Impacto Climático de Potsdam, Alemanha.
Ele fez uma das apresentações na 10.ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-10), realizada em Buenos Aires. Segundo Klein, corre-se o risco de perder tempo com estudos não-complementares, que pouco ajudarão na definição de políticas contra o aquecimento global.
As mudanças climáticas, disse ele, requerem estratégias construídas a partir de dados científicos variados e complementares. É preciso estimar “a probabilidade da ocorrência das mudanças no mundo” e, além disso, calcular o “custo-benefício de realizar ações em relação a estas mudanças”.
Segundo o pesquisador, é preciso determinar a importância relativa das mudanças climáticas em relação a outras mudanças no planeta, para se “calcular a viabilidade e factibilidade de opções” do homem. Ou seja, saber em que medida será necessário, possível ou viável agir sobre as mudanças e/ou se adaptar a elas.
Muitas linhas de estudos terão de ser articuladas, segundo o cientista, já que o aquecimento global tem impacto sobre áreas diferentes como a agricultura, a pesca, a disponibilidade de água, a saúde humana, os ecossistemas, entre outras.
O pesquisador argentino Vicente Barros, em sua apresentação, reforçou que é necessário aos organismos internacionais e aos governos decidir se haverá um esforço de adaptação às mudanças climáticas no curto ou no longo prazo.
A questão da adaptação vem tomando força desde a COP-8 e parece estar se tornando tônica nesta COP-10, dada a provável irreversibilidade do aquecimento global. (Estadão Online)