Por telefone, presidentes do Brasil e da França trataram também de riscos à democracia colocados pela extrema direita e da guerra na Ucrânia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma conversa telefônica nesta quinta-feira (26/01) com o presidente francês, Emmanuel Macron, na qual discutiram ações para o combate às mudanças climáticas, o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) e parcerias estratégicas entre os dois países, entre outros temas.
Segundo o Palácio do Planalto, a conversa durou mais de uma hora e também abordou os riscos à democracia colocados por ações violentas de grupos de extrema direita, que promoveram ações golpistas em Brasília em 8 de janeiro, e a importância de se combater a desinformação.
Lula convidou Macron a vir ao Brasil e visitar o estaleiro em Itaguaí (RJ) no qual são construídos os submarinos convencionais e o submarino a propulsão nuclear fruto de uma cooperação bilateral com a França.
“Fiz um convite para vir ao Brasil, para aprofundarmos nosso trabalho conjunto contra as mudanças climáticas, no combate à fome e pela defesa do meio ambiente”, escreveu Lula no Twitter após a conversa.
Já Macron escreveu no Twitter que ele “reiterou” o apoio da França após os “ataques contra a democracia brasileira” e reafirmou “nossa determinação de agir em prol do clima, da biodiversidade, de nossas florestas e contra a fome”.
Meio ambiente e comércio
Ao abordarem o meio ambiente e o combate às mudanças climáticas, Lula mencionou que pretende convocar em breve uma Cúpula dos Países Amazônicos e que seria importante a França participar, já que a Guiana Francesa compartilha do bioma e é uma região ultramarina francesa.
Segundo o Planalto, os dois líderes concordaram sobre a importância da “readequação da arquitetura financeira internacional” como instrumento de financiamento da transição climática e da redução da desigualdade.
Outro objetivo diplomático de Lula para o início de seu governo é concluir rapidamente o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. O pacto de livre-comércio entre sul-americanos e europeus foi firmado em 2019, após 20 anos de negociações, mas ainda não entrou em vigor porque depende da ratificação dos parlamentos de todos os países envolvidos
Durante o governo Jair Bolsonaro, diversos países, incluindo a França, citaram a questão ambiental como um entrave à ratificação do acordo – mas há também oposição interna de agricultores de países europeus que receiam a chegada de produtos agrícolas mais baratos da América do Sul.
Na conversa com Macron, Lula disse que tem conversado com os outros países do Mercosul sobre a importância de concluir o acordo com a UE. O tema foi discutido com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em reunião realizada na terça-feira em Buenos Aires, à margem da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Lula e Macron também conversaram sobre a guerra na Ucrânia, mas o Planalto não detalhou o conteúdo do debate. A nota do governo brasileiro diz apenas que o tema mereceu “ampla troca de opiniões entre os dois mandatários” e que o petista ressaltou a necessidade de “maior engajamento dos líderes globais” no âmbito da ONU e de um “G20 político”.
Macron é um crítico ferrenho da invasão russa à Ucrânia e a França tem enviado apoio bélico e financeiro para Kiev. Já Lula tem adotado um tom mais comedido sobre o tema – antes de ser eleito, o petista fez declarações sobre o conflito que provocaram críticas de algumas autoridades ucranianas e defendeu que países ocidentais pressionassem a Ucrânia a negociar o fim da guerra.
Fonte: Deutsche Welle