Cinco prioridades para avançar na defesa da água como um direito humano – e não uma mercadoria – foram definidas no debate Estratégias para aglutinação das redes e organizações em uma plataforma global de água, nesta segunda-feira (31), último dia do 5º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). O documento com a síntese das propostas deve ser lançado nos próximos dias.
Um dos organizadores das discussões e responsável pela elaboração do documento, Jocélio Drummond, representante da ISP – Internacional de Serviços Públicos, adianta cinco das principais propostas que estarão numa carta a ser lançada em alguns dias. “Trabalhar para que a ONU – Organização das Nações Unidas reconheça a água como direito humano é a primeira delas”, afirma.
Para Drummond, é preciso evitar que a água seja discutida na OMC – Organização Mundial do Comércio; tirar todas as relações comerciais que possam existir e retirar a água de qualquer acordo bilateral que venha a ser firmado entre dois países. Um terceiro ponto seria tentar influenciar a política do Bird – Banco Mundial, que “segue defendendo a privatização da água”.
O representante da ISP afirma que todos os estudos mostram que o acesso à água, quando ela é privatizada, diminui significativamente. “A população mais carente não tem como pagar. Por isso, vamos monitorar os informes do Bird, questioná-los e denunciar as políticas propostas nessa questão que sejam contra esse direito”.
Uma campanha mundial contra a principal empresa transnacional que detém parte do comércio de água no mundo, a francesa Suez, também foi definida como prioridade nos debates. “Vamos denunciar essas empresas, em particular a Suez. No Brasil, ela não está tão ligada à água – o governo FHC tentou privatizar, mas foi derrotado -, mas à limpeza urbana. A Vega Engenharia Ambiental é da Suez”.
A quinta ação de luta para que todas as pessoas tenham acesso à água é “manter a água em mãos públicas”. Segundo Jocélio Drummond, as empresas públicas são a única garantia para manter esse acesso. “Vamos criar uma rede com boas empresas públicas, como a de São Paulo, Recife, Porto Alegre, Estocolmo. Quando as empresas públicas não funcionam muito é falado, mas quando acontece o contrário, quase ninguém diz nada”. (André Deak / Agência Brasil)