A FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura promoveu, no período de 18 a 20 de janeiro, na sede da instituição em Roma (Itália), um encontro de especialistas em biossegurança de todos os continentes para discutir a necessidade de monitoramento pós-comercial das culturas agrícolas geneticamente modificadas.
A pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia de Brasília (DF), unidade da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Eliana Fontes, participou como especialista convidada, representando a América Latina, junto com outra pesquisadora do CIP – Centro Internacional da Batata, do Peru.
Durante o evento, os especialistas convidados relataram as experiências de seus países com o monitoramento pós-comercial das culturas transgênicas, que tem como objetivo principal evitar danos ambientais. Eliana apresentou uma palestra sobre o monitoramento das culturas transgênicas no Brasil, na qual enfatizou os desafios, oportunidades e sugestões para nortear o monitoramento.
De acordo com os cientistas presentes ao evento, os danos potenciais associados às culturas transgênicas têm que ser analisados dentro de um contexto mais amplo de impactos positivos e negativos associados a todas as práticas agrícolas. Eles ressaltaram a necessidade de que organizações ambientais, grupos de produtores e organizações comunitárias estejam ativa e continuamente engajados no processo.
A FAO está pronta para facilitar esse processo junto com outras agências e centros de pesquisa nacionais e internacionais, encorajando a adoção de programas de monitoramento elaborados rigorosamente. Por isso, uma das orientações resultantes do encontro foi a formação de um grupo de cientistas agrícolas de muitas partes do mundo com o objetivo de providenciar diretrizes preliminares para monitorar os efeitos ambientais das culturas GM – geneticamente modificadas existentes.
Integração é fundamental – Os especialistas presentes ao evento concordaram que já há muitos dados sobre esse assunto no mundo, o que precisa ser feito é juntá-los e organizá-los. Eles enfatizaram também que o monitoramento pós-comercial das culturas transgênicas é factível, mesmo com recursos limitados.
Segundo eles, a experiência tradicional no campo pode ser considerada um recurso forte, quando aliada à experiência científica. Os dados gerados podem ser usados como indicadores para medir os impactos das culturas GM no meio ambiente. Por exemplo, mudanças significativas que podem causar preocupação devem ser imediatamente notificadas. Nesse sentido, é fundamental que haja integração entre todos os segmentos da cadeia produtiva, incluindo produtores, cientistas e consumidores dos setores público e privado da sociedade civil, já que uma das dificuldades no monitoramento da agricultura é a heterogeneidade dos sistemas de produção das diferentes regiões.
O evento deixou claro que o monitoramento pós-comercial das culturas geneticamente modificadas é muito importante, pois vai gerar informações que poderão nortear orientações e normas para futuras regulamentações sobre esse processo, mas acima de tudo vai oferecer aos produtores informações seguras de modo a garantir a sustentabilidade das práticas agrícolas. (Ascom Embrapa)