Cerca de 45 pessoas incluídas numa lista de marcados para morrer em razão de seu envolvimento na luta pela posse da terra e denúncias de desmatamento ilegal em várias regiões do Pará começarão a ser identificadas a partir desta segunda-feira (21)
O cadastro será feito pelo Grupo de Trabalho de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, ligado diretamente ao gabinete do ministro Nilmário Miranda. A equipe, que desembarca nesta segunda em Belém (PA), vai percorrer cinco localidades, levantar nomes de pessoas que estão sob ameaça e fazer um diagnóstico da situação.
Os casos mais delicados são os de Gabriel Domingues do Nascimento, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu; Francisco de Assis dos Santos Souza, diretor do mesmo sindicato; o padre José Amaro, da Paróquia de Anapu, e Deorival Xavier, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pacajá.
Por serem ligados à missionária Dorothy Stang, morta a tiros no dia 12 passado, os quatro vinham sofrendo constantes ameaças, seja por telefonemas anônimos ou recados.
Sul do Pará No sul do Pará, as maiores ameaças pesam contra o frei Henri des Rosiers, advogado e coordenador da CPT – Comissão Pastoral da Terra de Xinguara.
Seu nome, nos últimos oito anos, aparece em quase todas as listas de morte como uma das pessoas que, por se dedicarem à causa da reforma agrária e contra a exploração predatória da floresta amazônica, representam um obstáculo às atividades de grileiros, fazendeiros e madeireiros que atuam na ilegalidade.
Do grupo que começa a trabalhar nesta segunda-feira fazem parte o subsecretário de Proteção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano; o chefe da ouvidoria-geral, Pedro Montenegro; Lucila Beato, do Programa Nacional de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, além de Ailson Machado e Olmar Klich, assessores especiais do ministro Nilmário Miranda.
Cipriano terá reuniões com autoridades paraenses para definir a melhor forma de garantir a proteção dos ameaçados. Ele e sua equipe também irão se reunir com a Polícia Federal e com dirigentes de movimentos sociais que atuam nas regiões de conflito. (Carlos Mendes/ Estadão Online)