A cidade de Anapu (PA), onde assassinaram a missionária Dorothy Stang, será o primeiro alvo da lista de operações emergenciais de fiscalização que o Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis deflagrará a partir da próxima semana na Amazônia.
O cronograma, traçado pelo Dipro – Diretoria de Proteção Ambiental dentro do Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento Ilegal na Amazônia, foi discutido nesta sexta-feira (25), em reunião em Belém (PA) com gerentes e chefes de escritórios do Ibama, representantes do Ministério do Meio Ambiente, do Exército e da Polícia Rodoviária Federal, parceiros do Ibama, assim como a Polícia Federal e DRT – Delegacia Regional do Trabalho e o Incra.
Entre as operações, que serão intensificadas nos próximos 90 dias para coincidir com o período de maior atividade madeireira, estão seis grandes fiscalizações em serrarias no Pará, Rondônia e Mato Grosso e outras ações nas reservas extrativistas Verde para Sempre e Riozinho do Anfrísio, ambas no Pará.
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flavio Montiel, garante que em 2005 as taxas de desmate ficarão abaixo das registradas em 2004, devido a execução de medidas do Plano de Combate ao Desmatamento criado dois anos atrás.
Montiel enfatiza que “as ações em curso estão provocando reações dos setores que se beneficiam da ilegalidade, na esperança de que o Estado brasileiro recue”. Mas a resposta do governo, segundo Montiel, será a adoção das medidas de caráter emergencial e extraordinário intensificando e acelerando processos já iniciados.
O presidente interino do Ibama, Luiz Fernando Merico, informa que o governo investe também na instalação de dez bases operativas em municípios onde há remanescentes florestais importantes com evidências de futuros desmatamentos, existência de unidades de conservação, presença do crime organizado, entre outros.
A atividade ilegal de desmatamento, em geral, é acompanhada por outros ilícitos, como trabalho escravo, tráfico de armas, grilagem de terra. As bases operativas são: Tucumã/São Felix do Xingu, Altamira, Marabá, Itaituba, Novo Progresso (PA), Juína (MT), Alta Floresta (MT), Aripuanã (MT), Apuí (AM) e Ji-Paraná (RO).
No ano passado, quatro bases operativas – formada por servidores do Ibama, militares do Exército e agentes da Polícia Federal – entraram em operação. Mas o Ibama já fez compras de lanchas, carros, computadores, aparelhos de geoprocessamento remoto para estruturar dez bases. Neste ano, o órgão tem R$ 55,5 milhões para compra de novos equipamentos e execução de mais 100 ações estratégicas.
O Ibama está fortalecendo a equipe de fiscais na região. Além dos 360 fiscais fixos na região, o presidente interino do Ibama assinou portaria prevendo reforço de mais 90 fiscais, em sistema de rodízio, vindos de outros Estados. Mais 16 analistas ambientais trabalharão na análise de plano de manejo para a exploração legal de madeira na região. (Sandra Sato e Edson Gillet / Ibama)