Uma das maiores madeireiras da Ásia anunciou a venda de participação em uma empresa na Amazônia. A Jaya Tiasa, da Malásia, se desfez das ações detidas na Maginco Verde, uma das maiores madeireiras da região Norte, sediada em Ananindeua (Grande Belém, no Pará).
O negócio foi fechado por R$ 5,9 milhões ou 8 milhões de “ringgits” (moeda malasiana, identificada pelas letras RM antes da cifra), segundo informou o balanço financeiro enviado pela Jaya Tiasa à Bolsa de Valores de Kuala Lumpur (capital da Malásia) na última sexta-feira (24).
No comunicado, sem dar detalhes, a Jaya Tiasa não informa para quem vendeu sua participação na empresa. Comunicou apenas que o negócio foi fechado no último dia 12 de janeiro, mas não foi avisado aos investidores na época.
Agora, a Jaya Tiasa revelou o negócio para explicar que a transação vai resultar em uma perda de 20,7 milhões de ringgits (cerca de R$ 15,2 milhões) no resultado financeiro do ano fiscal encerrado em 30 de abril.
A Jaya Tiasa assumiu o controle da Maginco em 1997. Na época, o negócio foi estimado em US$ 12 milhões. A empresa brasileira já foi considerada a maior exportadora de mogno do país.
Maior empresa do setor madeireiro da Malásia, a Jaya Tiasa está sediada na cidade de Sibu, no Estado de Sarawak, considerado o reduto das maiores companhias madeireiras do mundo.
No Brasil, uma comissão da Câmara dos Deputados foi criada em outubro de 1996 para investigar a aquisição de madeireiras, serrarias e extensas porções de terras na Amazônia por madeireiras asiáticas.
Segundo um relatório da comissão, o setor está sob “controle hegemônico” das empresas asiáticas, principalmente da Malásia, China e Japão. A Jaya Tiasa era citada no documento. Entre os ativos ligados ao grupo malasiano, o relatório mencionava, além da Maginco, a Selvaplac.
Um relatório do Greenpeace sobre as multinacionais madeireiras na Amazônia, intitulado “Face a Face com a Destruição”, de 1999, citava a Maginco como uma das maiores exportadoras de madeira serrada e de compensados delgados.
O documento da ONG informou que estava sob o domínio da Maginco uma área de floresta de mais de 64 mil hectares, em locais como Carauari (AM), Paragominas (PA), São Félix do Araguaia (MT) e ao longo do rio Capim (foz na cidade paraense de São Domingos do Capim). (Sérgio Pipardo / Folha Online)