Segundo cálculos da Administração Estatal de Proteção Ambiental publicados nesta segunda-feira (20), a China sofrerá uma grave crise ambiental até 2020 se não mudar seu modelo de desenvolvimento econômico. “A carga da contaminação ambiental será quadruplicada em 2020, se o ritmo de poluição for mantido”, declarou Pan Yua, subdiretor da Administração Estatal de Proteção ambiental (Saiba, na sigla em inglês).
“Nesse mesmo ano, a China terá consumido quase todas as suas reservas minerais e só restarão seis dos atuais 45 principais recursos minerais existentes no país”, advertiu Pan durante um fórum ambiental realizado no fim de semana. “O país está utilizando seus recursos e contaminando seu meio ambiente (ar e água) para fabricar bens destinados a todos os países do mundo”, prosseguiu.
Segundo ele, a contaminação na China é muito pior do que a que sofreram os países ocidentais durante sua decolagem econômica, já que a renda per capita dos chineses oscila entre 400 e 1.000 dólares anuais, enquanto nos países mais desenvolvidos a poluição piorou ao subir de 3.000 a 10.000 dólares.
A China é o primeiro país do mundo em consumo de água, e o segundo em consumo de energia e emissão de dióxido de carbono, segundo a agência de notícias Xinhua. O consumo de energia total da China é sete vezes maior que o do Japão, seis vezes o dos EUA e 2,8 vezes o da Índia, cuja população em breve alcançará a chinesa.
O atual modelo de desenvolvimento chinês aposta primeiro na edificação e industrialização, em conseqüência todos os principais rios e 25 dos 27 maiores lagos da China já estão contaminados. A chuva ácida, a desertificação e a erosão fizeram com que a terra habitável se reduzisse de seis milhões de quilômetros quadrados em 1949 para apenas três milhões hoje”, acrescentou Pan.
O especialista concluiu que a China deveria mudar já o rumo de seu desenvolvimento, na busca de um “crescimento verde”, ou ecológico, para evitar a degradação ainda maior de seus recursos. (Estadão Online)