ONU cobra vontade política contra aquecimento global

O chefe do órgão da ONU – Organização das Nações Unidas que monitora as mudanças climáticas pediu ao mundo que mostre vontade política para dar um fim aos danos provocados pelo aquecimento global. Em entrevista à BBC, Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, disse que o problema é real e precisa ser enfrentado.

“Estamos em uma situação precária”, disse Pachauri, que fez as declarações durante preparativos para a cúpula do G8, nesta semana na Escócia. O clima deve ser um dos temas a ser discutidos.

Antes, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu que o aquecimento global é um problema sério, mas disse que o foco da discussão sobre o assunto deve ser modificado. Em entrevista a um canal de televisão britânico, Bush afirmou que, em vez de diminuir a emissão de gases poluentes, seria melhor buscar o desenvolvimento de uma tecnologia que limpasse essas substâncias.

Resistência a Kyoto – Bush reconheceu que as atividades humanas, pelo menos “em parte”, deveriam ser responsabilizadas pelo aquecimento global. Apesar disso, ele disse que os Estados Unidos vão continuar a resistir contra uma ampliação do protocolo de Kyoto, que limita a emissão de gases poluentes na atmosfera.

Na opinião do presidente americano, o protocolo restringe o uso de energia. Como alternativa, o presidente afirmou que o mundo deveria diversificar os combustíveis para fugir daqueles de origem fóssil, como a gasolina.

A Grã-Bretanha, que é a anfitriã da cúpula do G-8, quer aprovar um novo acordo sobre mudanças climáticas.

Desgraça – Um dos mais influentes membros do Partido Republicano dos Estados Unidos, o senador John McCain, disse que a política de Bush para o aquecimento global é “uma desgraça”. McCain também disse que não vê como a cúpula do G8 pode reduzir as diferenças de opinião entre aqueles que defendem uma ação urgente sobre o aquecimento global e os que, como Bush, querem que sejam feitos mais estudos.

O senador, que foi derrotado por Bush nas primárias republicanas para as eleições presidenciais de 2000 nos Estados Unidos, é um crítico habitual das políticas ambientais do governo americano. Em entrevista à BBC, ele afirmou ter esperança de que o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, possa conseguir articular algum tipo de acordo durante o encontro do G8 capaz de levar a progressos contra o aquecimento global.

McCain também criticou outro dos participantes da cúpula, o presidente da Rússia Vladimir Putin. Ele afirmou que o processo democrático na Rússia sofreu um revés nos últimos cinco anos e que o país deveria receber uma ameaça de expulsão do G8, caso não mude seu rumo. (BBC Brasil)