Começou nesta segunda-feira (29), a primeira expedição científica ao Parna – Parque Nacional da Serra da Bodoquena, no Pantanal sul-matogrossense. Um grupo formado por 25 pesquisadores vai permanecer na unidade até 12 de setembro para desvendar a riqueza da região. A metodologia para se fazer o inventário de espécies da unidade será a Avaliação Ecológica Rápida, ferramenta que permite o levantamento de informações em um curto espaço de tempo.
“Em uma área pouco conhecida como a Serra da Bodoquena, tais informações não só enriquecem o conhecimento teórico como contribuem para o zoneamento do Parque. Esse será o primeiro grande levantamento realizado na região, podendo ser consultado futuramente por pesquisadores e ainda servir de subsídios para a educação ambiental das comunidades locais”, explica Ivan Salzo, analista ambiental do Ibama – Parna Serra da Bodoquena.
Quatro locais do Parque Nacional serão estudados: região do rio Salobrinha/Assentamento Canaã, no município de Bodoquena (MS); área do curso médio do Salobra, dentro do Parque Nacional (fazendas Remanso e Santa Laura Vicunha, em Bodoquena/MS); região do banhado do Perdido/Laudejá, em Bonito(MS) e Porto Murtinho(MS); e área da fazenda Harmonia, em Bonito(MS) e Porto Murtinho(MS).
Espécies e conservação – A expedição irá quantificar e qualificar as espécies dessas áreas, a fim de obter informações relevantes a respeito da ecologia da região protegida pelo Parque. Para isso, os pesquisadores estão divididos em sete categorias: avifauna (aves), ictiofauna (peixes), herpetofauna (répteis e anfíbios), mastofauna (mamíferos), macroinvertebrados aquáticos, vegetação terrestre e vegetação aquática.
Além de observar as espécies, os grupos também irão avaliar o estado de conservação da unidade e fazer uma análise descritiva do ambiente e suas relações naturais. Salzo informa que isso pode ser feito a partir de deduções. “Algumas espécies podem indicar se a área está bem ou mal conservada”.
A próxima avaliação no Parque deverá ocorrer entre dezembro de 2005 e janeiro de 2006, na estação chuvosa da região. Assim, por meio de comparações das coletas de informações em épocas distintas, será possível desvendar os diferentes hábitos entre as espécies de animais.
Plano de manejo – Esse trabalho faz parte das diretrizes do plano de manejo do Parque Nacional da Serra da Bodoquena (equivalente a um plano diretor), que está em fase de elaboração. “Pesquisar as espécies que habitam uma região é imprescindível para se conhecer sua biodiversidade. A partir desse estudo será possível conciliar o uso público, a conservação e os demais objetivos de uma unidade de conservação sem que haja atrito entre esses elementos”, esclarece Salzo.
Além de técnicos do Ibama – Instituto Brasileiro do Maio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, a expedição conta com o apoio financeiro da Fundação Neotrópica e participação de pesquisadores da Conservação Internacional, Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade Católica Dom Bosco, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal e Universidade de São Paulo. A iniciativa tem o apoio logístico da 4ª Companhia de Engenharia e Combate Mecanizado de Jardim, unidade do Exército de Jardim(MS). (Conservação Internacional)